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Mulheres vítimas de violência terão abrigo provisório em São PauloVinte estados aderem ao Programa Mulher, Viver sem ViolênciaManifestações artísticas em Ipanema denunciam a violência policial“Os homicídios caíram muito na década passada e, por isso, é necessário uma melhor compreensão do tipo de homicídio nos dias de hoje”, analisa a pesquisadora Lígia Rechenberg, do Instituto Sou da Paz.
No auge da epidemia, ao longo dos anos 1990 e começo dos 2000, a rivalidade entre moradores de bairros de periferias provocava longos círculos de vingança. Um homicídio podia provocar a reação de amigos e parentes da vítima, levando a novos ataques contra os suspeitos da autoria do crime. Essa lógica da vendetta provocava novas rixas e assassinatos, que vitimaram principalmente jovens com menos de 30 anos.
Essa engrenagem de vinganças aparecia nos levantamentos da época. O Anuário da Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por exemplo, com base em boletins de ocorrência de 2003, apontou que 28% das mortes naquele ano ocorreram por vingança. As drogas (tráfico e rixas) e as brigas por motivos fúteis (12%) vêm em seguida.
Atualmente, são dois os principais motivos para os homicídios. No caso das discussões, em 48% dos casos a vítima morreu por arma branca. Nesses casos, além da elevada vitimização de mulheres, morrem pessoas mais velhas - mais da metade dos assassinados em São Paulo hoje tem mais de 30 anos.
Já a elevada proporção de mortos com indícios de execução (19%) e o alto porcentual de encontros de cadáveres mostra o aspecto mais preocupante: a importância no quadro atual dos crimes com suspeitas de terem sido praticado por facções e por policiais matadores - recorrentes ao longo de 2012.
Uma dos casos aconteceu no dia 5 de janeiro no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, e vitimou sete pessoas, entre elas Laércio de Souza Grimas, o Dj Lah. Policiais foram acusados pelo crime. Eles teriam agido em represália a uma gravação de um PM executando uma pessoa na mesma rua no mês anterior.
A revolta em torno da ocorrência motivou protestos contra o “extermínio da juventude negra nas periferias”, que fizeram parte das jornadas de junho. “As agressões praticadas por PMs nos manifestos revelaram para a classe média o despreparo da PM. Só que nas periferias as balas não são de borracha. São de verdade”, diz o professor de História Douglas Belchior, da UNEafro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.