A aluna do 1º ano do curso de Letras da Universidade de São Paulo (USP) Bruna Barboza Lino, de 19 anos, morreu ao cair de uma altura de cerca de 10 metros - o equivalente a três andares -, dentro do fosso de um elevador em construção, na madrugada deste domingo, 15, no câmpus da universidade no Butantã, zona oeste de São Paulo. A obra pertence ao Instituto Butantã e fica ao lado do Paço das Artes, na Avenida da Universidade.
À polícia, as testemunhas disseram que estavam na obra apenas para “passar o tempo”. Guardas do câmpus afirmam que o prédio é constantemente invadido para festas de universitários à noite. O delegado de plantão do 91º DP (Ceagesp), Fernando Antonio Terzidis, afirmou que a obra tem uma fita de contenção no andar em que a jovem sofreu a queda.
Os dois amigos que estudavam Letras com Bruna e moravam no mesmo apartamento no Jaguaré, na zona oeste, afirmam que não havia nenhum tapume no prédio e que a entrada nele era livre. Um deles sofreu arranhões ao tentar resgatar a estudante do fundo do fosso e está em estado de choque, de acordo com familiares.
O corpo de Bruna foi liberado do Instituto Médico-Legal na tarde de hoje e reconhecido pela irmã da estudante Barbara Barboza Lino, de 24 anos. “Nós desconfiamos que ela não tenha visto o fosso na escuridão”, afirmou. O enterro está marcado para a manhã desta segunda-feira, 16, no Cemitério Vila Pauliceia, em São Bernardo do Campo, cidade onde mora a família da estudante.
Planos
Bruna era uma das filhas do meio entre seis irmãos. Seu pai é aposentado e tem 86 anos. “Ela estava muito feliz no curso que fazia, vivendo a vida de toda jovem. Qualquer pessoa que conhecia a Bruna via que era só alegria”, disse a irmã. Além de estudar, a jovem trabalhava como atendente em uma editora. Ela planejava optar pela ênfase em Francês.
Em nota, a assessoria de imprensa do Instituto Butantã lamentou a morte da estudante e informou que “está à disposição para as investigações”. Segundo o órgão, a obra está cercada por grades, muros e outros materiais, o que impediria a entrada de pessoas.
A reitoria da USP afirmou que a obra estava abandonada, mas o Instituto Butantã não se manifestou sobre o assunto. A assessoria não informou qual a finalidade da construção. Em nota a USP também lamenta o acidente.
A polícia apura se foram tomadas todas as medidas para evitar acidentes e isolar o fosso. Também será analisado se o grupo invadiu o prédio. Festas no câmpus têm de ser autorizadas pela reitoria. O caso será investigado pelo 93.º DP (Jaguaré).