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Ao menos três são presos por atacar ônibus em São LuísAtaques de bandidos em São Luís deixam cinco feridosMandantes de ataques em São Luis são identificadosBandidos metralham delegacia e ateiam fogo em três ônibus em São LuisMorre menina queimada durante ataque a ônibus no MaranhãoGoverno oferece vagas em presídios para conter ataques no MaranhãoOs incêndios foram a gota d’água para os rodoviários, que reclamam do tratamento dado à categoria. Em reunião do sindicato, na manhã de ontem, ficou decidido que o transporte coletivo será recolhido a partir das 18h. Na terça-feira, o sindicato e os empresários se reúnem para decidir se a paralisação vai continuar.
Enquanto o transporte público não voltar a funcionar normalmente, milhares de usuários de ônibus deverão se arriscar em vans e carros pequenos com tráfego ilegal de passageiros. Essa será a alternativa do atendente de hotel Erlan Pereira Costa, de 38, para chegar ao seu local de trabalho. Segundo ele, o problema que prejudicou o transporte público na cidade é fruto do "desprezo" da governadora Roseana Sarney (PMDB) pela população em geral. "O governo falhou em Pedrinhas, e agora quem não tem nada a ver com isso vive um clima de insegurança." De acordo com o recepcionista George Cavalcante Melo, de 29, os maranhenses têm enfrentado uma rotina de roubos coletivos nos ônibus, desde o início dos protestos dos presidiários. Para ele, a solução de recolhimento do transporte público é apenas uma medida paliativa. "A situação no presídio está caótica há muito tempo."
Em resposta, o governo do estado determinou a ampliação do contingente de policiais e bombeiros nas ruas. Cerca de 1,7 mil alunos em formação foram acionados, quase metade para atuar na região metropolitana. A operação será direcionada para dar celeridade na prisão de quem executou os ataques. A SSP assegura que o estado não vai retroceder nas medidas adotadas, com maior atenção em algumas unidades prisionais para defender a dignidade dos detentos e da população.
Fora de controle A crise prisional no Maranhão é emblemática e evidencia a incapacidade do Estado brasileiro, em todas as suas instâncias e poderes, para lidar com a questão carcerária, avalia o sociólogo Renato Sérgio Lima, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para ele, é fundamental e urgente haver uma reformulação da política de segurança pública no país, com efetiva articulação entre a União e os estados, a garantia de condições mínimas de sobrevivência para os presos enquanto cumprem a pena privativa de liberdade e a implementação de punições alternativas às prisões.
De acordo com o Relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), só no ano passado, 60 pessoas morreram dentro da penitenciária de Pedrinhas. O clima de tensão se intensificou em outubro, quando houve uma rebelião com nove mortos e 20 feridos. Na quinta-feira, mais dois detentos foram encontrados mortos dentro de celas em Pedrinhas.
Nos últimos dias, o governo aumentou a rigidez no controle da cadeia, com vistorias, rondas e reforço da segurança. Ainda segundo o relatório do CNJ, há 2.196 detentos na penitenciária de Pedrinhas, que tem capacidade para 1.770 pessoas.
TERRENO FÉRTIL
A má situação dos presídios é a principal condição para a instalação do crime organizado, segundo o criminalista, especialista em sistema penitenciário Pierpaolo Bottini. Ele explica que onde faltam condições mínimas de sobrevivência e dignidade para os presos, sem a atuação do Estado, é mais fácil que o detento seja cooptado para um grupo criminoso. "Sem programas de educação e trabalho, a ociosidade vigora e é evidente que é um terreno fértil para o crescimento do crime organizado e de lutas", avalia. Bottini acrescenta que a falta de informação sobre o andamento da pena também ajuda a aumentar a tensão. "Onde os presos têm acesso fácil a esses dados, em geral onde há defensorias públicas e advogados, o índice de rebelião cai quase que para zero."
Desde que começou a crise na Segurança Pública do Maranhão, em outubro do ano passado – com rebeliões, mortes e fugas frequentes nos presídios e recorde de assassinatos em São Luís e região –, a governadora Roseana Sarney (PMDB) não veio a público para comentar a situação.