Jornal Estado de Minas

Prefeitura de São Paulo começa a desmontar favela da Cracolândia

Agência Brasil
Usuários de crack que vivem na favela montada na região da Cracolândia, na capital paulista, começaram a ser removidos hoje (15) pela prefeitura. Os dependentes estão sendo encaminhados para hotéis próximos, onde vão receber alimentação, e terão duas horas diárias para tratamento médico, além do trabalho de quatro horas por dia em operações de limpeza da prefeitura. A favela da Cracolândia, localizada na Alameda Dino Bueno, região central da capital, tem 147 barracos com 300 moradores. %u201CAs pessoas todas foram se acumulando aqui nesses barraquinhos, que se transformaram na favelinha da Cracolândia, porque elas estavam alojadas em prédios que foram demolidos%u201D, explicou o secretário municipal de Saúde, José de Filippi Junior. De acordo com o secretário, a prefeitura disponibilizou 400 vagas no programa. Ontem (14), aproximadamente 100 pessoas se anteciparam e já deixaram os barracos. A expectativa é que mais 100 se mudem hoje para os hotéis. %u201CNão estamos com pressa, estamos fazendo de forma organizada, respeitando o ritmo das pessoas%u201D, explicou. Cada usuário vai receber bolsa de um salário mínimo e meio, o que inclui os gastos com alimentação, hospedagem, além do pagamento de R$ 15 por dia de trabalho. Os dependentes não são obrigados a fazer tratamento, mas passarão por uma avaliação médica. A secretária municipal de Assistência Social, Luciana Temer, informou que o pagamento aos hotéis será renovado mensalmente e que não existe prazo determinado para que cada usuário permaneça nos locais. A assistência social, explicou ela, tem conversado com as famílias e, só depois da concordância, os barracos são desmontados. %u201CNão temos pressa de acabar essa ação, isso está indo no ritmo deles, sem violência%u201D, disse ela. Patrícia Almeida Cardoso, de 42 anos, conta que mora na Cracolândia há um ano. Usuária de crack há mais de cinco anos, ela aprovou a medida e disse que está disposta a começar a trabalhar. %u201CQueria trabalhar, não consigo trabalho porque tenho passagem . Eu não roubo, só cato latinha%u201D, disse. Outro usuário que não quis se identificar disse que usou crack durante oito anos, mas parou em 2008. %u201CQuem quer parar, para%u201D, disse. Apesar de não usar mais a droga, ele conta que continuou na Cracolândia com a mulher e um filho de um ano e quatro meses por falta de opção de moradia. Ele, que também é ex-presidiário, cumpriu pena por tráfico de drogas e conta que está otimista com o programa. %u201CVai ser melhor do que ficar na rua, porque lá ninguém te rouba%u201D, acrescentou.