O fenômeno dos rolezinhos ganhou repercussão nacional em dezembro do ano passado, quando milhares de jovens promoveram encontros em shopping centers de São Paulo para passear, fazer compras e flertar. Rejeitados por lojistas e clientes e tratados como caso de polícia, os adolescentes paulistanos não só despertaram um debate nacional sobre segregação racial e social, mas também chamaram a atenção para a ausência de espaços de convivência, lazer e cultura nas periferias das metrópoles brasileiras.
Um dos principais programas do Ministério da Cultura — o Centros de Artes e Esportes Unificados (CEUs) — foi lançado em 2010 como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2). Ao todo, a iniciativa pretende erguer 356 espaços com praça de esportes e lazer, biblioteca, cineteatro, pista de skate, playground, entre outros itens. Mesmo que todos os CEUs sejam entregues até 2014, conforme prometido, seriam contemplados apenas 6,4% dos municípios brasileiros. Mantido o ritmo, o programa só atingiria a totalidade das cidades brasileiras em 60 anos.
As políticas públicas voltadas ao público jovem são diluídas no orçamento federal em praticamente todos os ministérios. No ano passado, mais de R$ 75 bilhões foram destinados aos menores de 18 anos, faixa etária da maioria dos rolezeiros. O dado é do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), que monitora ações previstas no orçamento federal que afetam diretamente a qualidade de vida e o desenvolvimento das crianças e adolescentes brasileiros. O montante é o maior já registrado no governo da presidente Dilma Rousseff, mas o percentual em relação ao total previsto a ser executado foi o menor.