Nilda, Silva e outros quatro pais - dois argentinos e dois brasileiros - compartilharam a dor de perder pessoas próximas em tragédias semelhantes e como passaram a viver desde então com os participantes do Congresso Internacional Novos Caminhos - A Vida em Transformação, promovido pela Associação das Vítimas e Familiares das Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) para marcar o primeiro ano do incêndio que matou 242 pessoas na casa noturna da cidade gaúcha, em uma das atividades deste domingo. O evento começou no sábado, 25, e prossegue até esta segunda-feira, 27.
A Associação Família Pela Vida, criada em Buenos Aires, já viu a Justiça prender 15 responsáveis pela tragédia, entre músicos, donos, gerentes e funcionários da boate e agentes públicos, e o então prefeito da capital argentina, Aníbal Ibarra, ser destituído. E se dedica a campanhas educativas voltadas aos jovens, para que exijam segurança dos locais onde vão para se divertir. A AVTSM demonstra descontentamento com o processo criminal, que acusou dois músicos e dois administradores da boate, por entender que há toda uma cadeia de culpados por falhas e omissões na concessão de alvarás e licenças. E também vem se mobilizando para pedir segurança em casas noturnas.
"É só a adoção de uma cultura permanente de segurança que vai nos permitir dormir em paz enquanto nossos filhos se divertem", afirmou o argentino Juan Alberto Lizarraga.
Paulo Carvalho, de São Paulo, que perdeu um filho na Kiss, apresentou levantamento que fez de tragédias semelhantes desde os anos 1940, observou que o crescimento do número de casas noturnas no mundo não foi acompanhado de normas de segurança adequadas. "O que queremos hoje é lutar pelos nossos filhos de melhor maneira possível", afirmou.
As homenagens às vítimas da tragédia de Santa Maria prosseguem nesta segunda-feira. Durante a madrugada haverá vigília diante do prédio no qual funcionava a casa noturna. No final da tarde, os mortos serão lembrados em ato público na praça Saldanha Marinho. Ao longo do dia haverá diversos cultos religiosos.