O dia de homenagens às vítimas do incêndio na Boate Kiss terminou na Praça Saldanha Marinho, no centro da cidade. Cerca de mil pessoas participaram de um encontro cultural e um ato ecumênico. As atividades marcaram o encerramento do 1º Congresso Internacional Novos Caminhos, que discutiu, desde o último sábado (25), prevenção e segurança para que episódios como aquele de 27 de janeiro não se repitam. A mobilização foi organizada pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da tragédia (AVTSM).
Com camisetas, faixas e balões brancos, familiares e amigos carregaram cartazes com fotografias dos jovens, se abraçaram e fizeram orações. Por todos os lados era possível ver olhares perdidos e lágrimas. Em um dos momentos mais marcantes, quando os nomes dos 242 mortos na tragédia foram lidos e a cada leitura foram tocados tambores, os pais não contiveram a emoção.
Para o presidente da Associação, Adherbal Ferreira, as atividades dos últimos dias mostram que é preciso olhar para a frente. Satisfeito e emocionado, ele concluiu que "o sentimento agora é que a nossa vida continua, transformada, mas continua. Vamos continuar brigando por justiça, porque não há paz sem justiça. Temos que seguir, sabendo que vamos encontrar barreiras e teremos que ultrapassá-las".
A vontade de pedir justiça motivou muitos moradores a ir ao local. Foi o caso de Márcia Cavalheiro, que perdeu a amiga Érika Sarturi. Para ela, a data sempre será de tristeza, mas este é o momento de exigir punições para que o caso não seja esquecido. "É muita dor, muita lembrança. Por isso temos que exigir justiça em memória deles. Não queremos que ninguém passe pelo que estamos vivendo."
Durante as homenagens, um grupo de jovens oferecia abraços. Com cartazes, os adolescentes abraçavam quem passava pela praça. A estudante Rayssa Spanevello ajudou a organizar a ação. Segundo ela, foi uma forma de confortar e dar apoio. "Viemos trazer energia e fé para o pessoal. É importante, principalmente em um momento como este."