Leia Mais
Justiça decreta prisão de Daniel Coutinho, filho do diretor Eduardo CoutinhoAmiga diz que cineasta não comentava doença do filhoCoutinho ousou "ao falar de contrastes", diz diretora de escola de cinemaEsposa de Coutinho lembra de toda a tragédia, diz amigaEduardo Coutinho é enterrado sob aplausos de 300 amigosVizinho
O vizinho chamado pelo filho do cineasta depois de supostamente ter matado o pai afirmou que ele estava "muito calmo" ao bater à porta. Daniel Coutinho já teria desferido facadas na própria barriga e estava "com as vísceras saindo", conforme o morador, que prefere não ter a identidade divulgada, sob a justificativa de que seria criticado no prédio.
"Ele bateu na minha porta porque somos vizinhos de porta e temos uma relação amigável. Disse que tinha libertado o pai e a mãe e tentado se libertar, embora eles não entendessem isso, e que não era a hora dele. Daniel me pediu socorro, que eu chamasse a ambulância. Eu desci para pedir ajuda ao porteiro e minha mulher conversou com ele. Ela teve a presença de espírito de se lembrar da Dora (mulher de Eduardo Coutinho), que estava gemendo num outro cômodo depois de ter escapado de Daniel, e aí os bombeiros a levaram. Ela saiu muito abalada, mas lúcida. A última coisa que pediu foi pra não deixarem o Pedro (outro filho do casal) ver o pai morto no meio da sala."
O morador conhece a família há 30 anos, desde que se mudou para o edifício, na Lagoa (zona sul). Conversava com Eduardo Coutinho sobre cinema quando se encontravam no elevador e via Dora como uma dona de casa tranquila e afetuosa. O vizinho descreveu Daniel Coutinho como "quieto". Desde criança, era introspectivo.
"Ultimamente, estava pior, não o via sair de casa há uns três ou quatro meses. Só quando aparecia na porta para receber comida pedida em restaurante. Que eu saiba, não trabalhava." Ele ficou chocado ao se deparar com Daniel Coutinho à porta. "Ele estava surtado, mas muito calmo. Tinha as feridas abertas e as vísceras saindo. Fui até a porta do apartamento com ele e ele ainda fumou um cigarro."
Dilma
A presidente Dilma Rousseff lamentou nesta segunda-feira, 3, a morte do cineasta, autor de 20 filmes, entre eles Edifício Master, de 2002, e 'Cabra Marcado para Morrer', de 1985. Na conta no Twitter, Dilma disse que "o Brasil perdeu seu maior documentarista". "Foi com tristeza que soube da trágica morte do cineasta Eduardo Coutinho, autor de Cabra Marcado para Morrer, Peões e Edifício Master. Coutinho deixava que os personagens contassem suas histórias com suas próprias palavras, criando, assim, uma relação direta com o espectador", escreveu.
"O Brasil e o cinema brasileiro perderam ontem (neste domingo) seu maior documentarista", acrescentou. Eduardo Coutinho nasceu em São Paulo em 11 de maio de 1933 e morreu neste domingo aos 80 anos, assassinado a facadas em sua casa, na zona sul da capital fluminense. De acordo com a polícia, Daniel Coutinho teve um surto psicótico e assassinou o pai.