Jornal Estado de Minas

MORTE DE CINEGRAFISTA

Suspeito de jogar rojão não admite crime; polícia investiga se jovem agiu a mando de grupo

Caio de Souza foi preso na Bahia. Ele será indiciado por crime hediondo, com pena prevista de até 30 anos de prisão

Diana Pimentel Rafael Passos

- Foto: Domingos Peixoto/AFP


O estudante Caio Silva de Souza, 22 anos, preso na madrugada desta quarta-feira em Feira de Santana, no sul da Bahia, não admitiu ter jogado o rojão do jornalista da TV Bandeirantes, Santiago de Andrade, durante uma manifestação no Rio de Janeiro na semana passada. Segundo o delegado Maurício Luciano de Almeida, Caio foi encontrado em uma pensão, por volta das 2h desta quarta-feira. Ele não apresentou resistência e estava muito assustado, sem se alimentar há dois dias. O advogado de Caio auxiliou a polícia e intermediou contatos com o jovem, que foi orientado pelo seu defensor a se entregar. Ele será indiciado por homicídio qualificado e crime de explosão de artefato em via pública, o que configura crime hediondo, com pena prevista de até 30 anos de prisão. Segundo a polícia, o jovem não quis se manifestar e disse que só vai se pronunciar na Justiça.

Com a conclusão da primeira etapa das investigação, a polícia agora vai averiguar se existe um grupo maior envolvido nos atos registrados durante a manifestação. Segundo o delegado Maurício Almeida, Caio é uma pessoa muito simples, que mora no subúrbio do Rio de Janeiro, e pode ter sido manipulado a agir violentamente.

O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, que também participou da coletiva na manhã de hoje, afirmou que agora começa uma nova etapa do trabalho de investigação.
Ele disse que, apesar de querer dar uma resposta rápida à sociedade, a polícia não pode "se afobar, sob pena de correr risco de complicar as coisas no futuro". Segundo Veloso, a verificação das outras circunstâncias - quem está por trás - é uma nova etapa. "Essa informação não diz respeito a esse inquérito, é um segundo momento", afirmou. Ainda segundo Veloso, a análise das imagens da manifestação mostram que "as pessoas estavam com vontades conjugadas, não parece haver vontade aleatória", afirmou. "Se analisarmos as imagens com cautela, desde quando o fenômeno começou, indicam que as pessoas não estão isoladas".

O delegado Maurício Almeida afirmou que a suspeita é de que o alvo dos ataques eram policiais e que o modo de agir é semelhante ao do Black Bloc, mas ainda não há como confirmar essa informação.

Jovem tranquilo

Uma pessoa calma, simpática, trabalhadora e de boa índole. Assim Caio Silva de Souza, de 23 anos, foi descrito por pessoas que trabalham perto do Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande, zona oeste do Rio. Funcionário da empresa Hope, que terceiriza serviços, o auxiliar de serviços de limpeza e conservação de áreas públicas trabalhava como porteiro no hospital desde 24 de julho de 2013.

Os funcionários do hospital e da Hope confirmaram que Souza trabalhava das 7h às 19h, em dias alternados. Na terça-feira, 11, a divulgação das fotos de Souza foi uma surpresa para todos. O único assunto nos corredores do hospital e nas poucas lojas da rua Augusto de Vasconcelos era a prisão do colega de trabalho por disparar o rojão que causou a morte do cinegrafista Santiago Andrade.

Segundo a polícia do Rio de Janeiro, Caio não tem ficha policial e nunca foi preso por tráfico de drogas. Ele mora no subúrbio do Rio de Janeiro, em Nilópolis, com a mãe, que está desempregada. 


 

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