Em entrevista rápida à TV Globo, ainda na delegacia de polícia em Feira de Santana (BA), Caio Silva de Souza disse nesta quarta-feira, 12, em voz baixa, que acendeu o rojão que atingiu e matou o cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes. "Acendi sim", balbuciou ele em resposta à pergunta da jornalista.
Depois, o acusado afirmou que teve muito receio de ser assassinado. "Fiquei com medo de me matarem". Ao ser perguntando quem poderia matá-lo, limitou-se a dizer: "Pessoas".
Caio Silva de Souza disse que, embora tivesse aceso o artefato explosivo, desconhecia seu poderio. "Nem sabia que era um rojão", afirmou. O acusado não apresentou ao delegado Maurício Luciano, presidente do inquérito, a mesma confissão transmitida pela emissora. Segundo o policial, ele não quis prestar declarações a respeito do crime.
Caio foi preso na madrugada desta quarta-feira em Feira de Santana, na Bahia, e levado para o Rio de Janeiro. O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, afirmou que uma nova etapa do trabalho de investigação começará agora, com a verificação das outras circunstâncias - quem está por trás das ações violentas em manifestações.
O delegado Maurício Almeida afirmou que a suspeita é de que o alvo dos ataques eram policiais e que o modo de agir é semelhante ao do Black Bloc, mas ainda não há como confirmar essa informação.
Indiciamento
O inquérito que apura a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago de Andrade está praticamente encerrado e será encaminhado à Justiça até sexta-feira, 14. Caio de Souza e Fábio Raposo Barbosa, de 22, que também está preso por ligação com a morte de Santiago, serão indiciados por homicídio qualificado e crime de explosão de artefato em via pública. Se forem condenados, os jovens podem pegar até 30 anos de prisão.
Para a polícia, não há dúvidas sobre a participação de Caio no crime. Na entrevista coletiva desta quarta-feira, o delegado Maurício Luciano de Almeida disse que as provas contra o jovem "são contundentes e não deixam dúvidas". Caio é apontado como o homem que acendeu e atirou um rojão que atingiu Santiago durante um protesto no Centro do Rio, na última quinta-feira (6).
"A gente tem certeza que foi ele (o suspeito), apesar dele não ter confessado", afirmou o delegado. Ainda conforme Almeida, Caio de Souza está sendo orientado pelo advogado e vai se pronunciar sobre o crime somente em juízo. "Ele (o suspeito) está sendo cauteloso e vai falar no momento que achar oportuno", disse. O delegado revelou também que as provas testemunhais, técnicas e um vídeo foram importantes para descobrir a autoria do crime.
.