A possibilidade de manifestações é um dos fatores de risco levantados pela Abin para os Cenários - relatórios sobre questões de segurança e de organização que podem atrapalhar a organização de grandes eventos. Desde 2013, o risco de ações por parte dos chamados “grupos de pressão” já era classificado como alerta vermelho entre as “fontes de ameaça” analisadas, juntamente com questões como acidentes de trânsito e criminalidade.
A agência está acompanhando a “temperatura” das manifestações e a possibilidade de crescimento usando o que chama de fontes abertas: redes sociais como Facebook e Twitter, depoimentos policiais e acompanhamento de partidos e outras organizações. A intenção é verificar riscos, tamanho, infiltrações de partidos políticos e financiamento dos protestos.
O acompanhamento começou a ser feito no ano passado, durante as manifestações de junho, e foi incorporado ao que já era feito nos Cenários para a Copa. Quando as manifestações contra o governo eclodiram, a falta de informações causou uma crise no governo.
Envolvidos com a segurança da Copa, os agentes de inteligência teriam negligenciado o acompanhamento dos movimentos sociais e de informações que mostravam o crescimento do que começou como manifestação contra o aumento da passagem de ônibus.
Na época, uma força-tarefa foi montada para começar a acompanhar as redes sociais, onde as ações começavam, e o acompanhamento foi incorporado ao Mosaico, sistema online de acompanhamento de cerca de 700 temas definidos pelo ministro-chefe do GSI, general José Elito.
Como o Estado revelou no mês passado, a Abin terá um esquema especial para a Copa do Mundo. Portaria publicada no fim de 2012 por Elito determinou que, para a competição e outros eventos, sejam estabelecidos um Centro de Inteligência Nacional em Brasília, Centros de Inteligência em cada uma das cidades-sede e um Centro de Inteligência de Serviços Estrangeiros.
Nele, atuarão “representantes dos serviços de inteligência estrangeiros acreditados no Brasil ou os que venham a ser especialmente designados para acompanhar a realização dos grandes eventos”. O centro possivelmente ficará no Rio e seu foco será contraterrorismo. .