Brasília, 13 - O médico cubano Luís Enrique Rodriguez foi afastado há três semanas do posto de saúde de Bento Gonçalves (RS), onde prestava atendimento, para aperfeiçoar seu Português. Durante a jornada de trabalho, em uma sala cedida pela Secretaria de Saúde, ele recebe aulas improvisadas de colegas. "Era a alternativa que nos restava", afirma o coordenador médico da pasta, Marco Antonio Ebert.
Rodriguez chegou há 40 dias no posto Vila Nova, mas, desde então, o movimento no local diminuiu. Queixando-se da dificuldade em entender o médico, pacientes passaram a procurar outros postos", disse o coordenador. A pouca intimidade com o idioma também foi notada nos prontuários.
A coordenação convocou a supervisão regional do Mais Médicos. "Registramos tudo em ata, foram diversas reuniões e contatos", disse Ebert. Mas nenhuma solução foi dada. "Enquanto a recomendação da coordenação não é enviada, ele continua aqui, recebendo o auxílio moradia e alimentação e, agora, a capacitação que podemos oferecer." Apesar das dificuldades de Rodriguez, Ebert espera receber mais quatro profissionais do programa, que mandou dois médicos para a cidade.
Antes de ir para Bento Gonçalves, Rodriguez fez o curso preparatório de três semanas, como todos os integrantes estrangeiros do Mais Médicos. Quando o programa foi lançado, o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assegurou que profissionais que não tivessem desempenho adequado teriam de refazer o curso.
O Ministério da Saúde afirmou que a coordenação estadual do Mais Médicos está apurando a situação. Se for constatado o descumprimento das regras, o profissional pode receber advertência ou até ser desligado.