O relatório da CGU obtido pelo jornal
O Estado de S. Paulo
, que ainda está em andamento, acompanhou a distribuição de retroescavadeiras em uma amostra aleatória de 67 municípios. Constatou uma sucessão de falhas que provocam uma espécie de efeito dominó, revelando falta de controle de gestores federais e municipais sobre o programa. Em janeiro deste ano, o documento foi encaminhado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, pasta responsável por tocar o PAC Equipamentos.
O Planalto tem investido em uma linha direta com os municípios, seguindo estratégia para aumentar a capilaridade das ações do Executivo, interiorizar a bandeira do governo federal e colher cada vez mais dividendos políticos.
Conforme a investigação preliminar da CGU, não há fiscalização adequada tanto do governo federal quanto das prefeituras, retroescavadeiras não passam pela revisão prevista, equipamentos já sofrem com má conservação e em muitos casos os operadores não recebem qualquer capacitação para lidar com as máquinas.
Em 82% dos municípios analisados constatou-se ausência ou inadequação dos controles adotados pelas prefeituras para o registro de utilização diária das retroescavadeiras. Após a avaliação dos documentos e informações apresentadas pelas prefeituras, a CGU constatou que em 43% dos municípios não havia sido realizada nenhuma obra ou benfeitoria nos dois meses anteriores à fiscalização.
Mesmo com a confirmação do uso da retroescavadeira por 93% dos municípios da amostra, a falta de controles que registrassem de forma adequada a utilização do maquinário impediu que se verificasse se realmente o equipamento era utilizado apenas para o seu público-alvo - no caso, agricultores familiares e assentados da reforma agrária.
Além disso, delegacias federais do Desenvolvimento Agrário, vinculadas ao governo federal, não estão cumprindo o papel de acompanhamento e fiscalização da execução da ação, segundo a CGU.
O trabalho de campo dos auditores descobriu que em Sergipe, por exemplo, a delegacia não planejou fiscalizações nem realizou qualquer fiscalização para verificação e acompanhamento no ano de 2012 da utilização de 24 retroescavadeiras doadas a municípios do Estado. Na Paraíba, segundo o documento, a delegacia federal não realizou qualquer ação de fiscalização após a entrega de 42 retroescavadeiras nem dispõe de infraestrutura adequada e suficiente para o desempenho destas atividades.
Conservação
Em 39% da amostra analisada a instalação/edificação utilizada pelas prefeituras para a guarda do maquinário não é considerada adequada.
Um dos casos mais emblemáticos das falhas no PAC Equipamentos é o do município de Vicentina, no Mato Grosso do Sul, onde a retroescavadeira doada à prefeitura em junho de 2012 foi repassada depois ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (CMDR) Constatou-se, ainda, que a utilização do referido equipamento pelos produtores rurais está sendo cobrada, destaca o relatório, alertando que a utilização do maquinário não está ocorrendo de forma adequada e em conformidade com os objetivos do programa.
Ainda segundo o relatório da CGU, em 42% da amostra analisada, as retroescavadeiras não passaram pelas revisões previstas em manual de operações- e em 37% o fabricante não cumpriu a obrigatoriedade contratual de oferecer a garantia de 24 meses a partir da entrega do maquinário.
Também foi verificado que em 55% dos municípios analisados os operadores de retroescavadeira não haviam recebido qualquer capacitação. Em 70% do conjunto de municípios, não foram treinados pelo menos dois profissionais por máquina, o que descumpre o determinado no termo de doação e em edital.
Estradas e seca
Os equipamentos do PAC 2 são doados para municípios com menos 50 mil habitantes e devem ser utilizados para abertura, recuperação, readequação e conservação de estradas vicinais na zona rural de municípios com predominância de agricultores familiares e para mitigação dos efeitos da seca nas regiões do semiárido.
Ao todo, serão entregues cerca de 18 mil equipamentos, entre retroescavadeiras (5.071), motoniveladoras (5.061), pás-carregadeiras (1.440), caminhões caçamba (5.061) e caminhões pipa (1.440). Uma retroescavadeira custa aproximadamente R$ 160 mil aos cofres públicos. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..