Jornal Estado de Minas

Júri do Carandiru será composto por sete homens

Quinze policiais vão ser julgados pela morte de oito presos que ocupavam o quarto pavimento do presídio

Agência Brasil
06/10/1992 - Presos exibem faixas manifestando as 111 mortes praticados por policiais durante a rebelião na Casa de Detenção Carandiru em São Paulo - Foto: Claudio Rossi/Agência Globo

Sete homens vão compor o Conselho de Sentença da terceira etapa de julgamento do Massacre do Carandiru, que teve início na manhã desta segunda-feira (17) no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. Por medida preventiva, o juiz Rodrigo Tellini Aguirre Camargo decidiu submeter todos os jurados a uma avaliação médica.

Neste momento, os jurados estão lendo o resumo de algumas peças que lhes foram entregues pelo juiz. Depois, o julgamento será retomado com o início das oitivas das testemunhas de acusação. Das seis testemunhas arroladas pelo Ministério Público, três não foram encontradas; por isso, deverão ser ouvidos somente o ex-detento Marco Antonio de Moura, o perito Osvaldo Negrini Neto e o ex-diretor da Divisão de Segurança e Disciplina da Casa de Detenção do Carandiru Moacir dos Santos. Todos eles já foram ouvidos nas etapas anteriores do julgamento. O primeiro a ser ouvido será o perito.

A expectativa do juiz é que amanhã sejam ouvidas as testemunhas de defesa. Só então os 15 policiais, réus do processo, serão interrogados. De acordo com o juiz, todos os réus deverão ser interrogados.
Neste julgamento, o advogado de defesa e os promotores não chegaram a um acordo e, portanto, não ocorrerá a exibição de vídeos.

Os 15 policiais, integrantes do COE (Comando de Operações Especiais) serão julgados pela morte de oito presos que ocupavam o quarto pavimento (ou terceiro andar) da antiga Casa de Detenção do Carandiru.

De acordo com o juiz, a intenção é que esta etapa do julgamento transcorra no mesmo padrão em que ocorreu a segunda etapa do julgamento, realizada em agosto do ano passado.

Após esta etapa, ocorrerão os debates do advogado de defesa dos policiais, Celso Machado Vendramini, e dos promotores Márcio Friggi de Carvalho e Eduardo Olavo Canto Neto.

O Massacre do Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante uma operação policial destinada a reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 do presídio.

Por envolver grande número de réus e de vítimas, o julgamento do Massacre do Carandiru foi desmembrado em quatro etapas, de acordo com o que ocorreu em cada um dos quatro andares do Pavilhão 9 da Casa de Detenção.

A quarta etapa de julgamento do Massacre do Carandiru está marcada para ter início no dia 17 de março..