Duas testemunhas falaram no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. O primeiro depoimento desta segunda foi do perito Osvaldo Negrini Neto. Ele descreveu para o júri, formado por sete homens, o estado em que o Pavilhão 9 estava após o massacre. “As cenas eram marcadas por uma violência descabida.” O perito relatou que só conseguiu entrar no quarto e quinto pavimento 12 dias depois do massacre. “Não havia nem 10% dos vestígios encontrados nos outros andares”, disse Negrini.
O segundo depoimento foi do então diretor de segurança e disciplina do Carandiru, Moacir dos Santos. Ele disse que antes da chegada da PM não tinha ouvido nenhum tiro e afirmou que, quando deixou o pavilhão, os detentos estavam armados com facas improvisadas. Segundo ele, os PMs já entraram atirando.
Para o advogado que representa os réus, Celso Machado Vendramini, o primeiro dia de julgamento não influenciou na culpabilidade dos acusados. “Não se pode acusar pessoas sem sequer um laudo de confronto balístico por inércia do Estado.”
Segundo Negrini, o confronto balístico não foi feito por falta de equipamentos e pelo fato de que, na época, estimou-se que demoraria 72 anos para examinar todos os projéteis e armas. “Só nos cadáveres, foram retirados mais de 400 projeteis.”
Para os promotores, o primeiro dia não teve novidades em relação às etapas anteriores. “Acreditamos que a sociedade, mais uma vez, não vai acatar esse tipo de conduta e eles serão condenados”, disse o promotor Eduardo Olavo Canto Neto. O julgamento será retomado nesta terça-feira, 18, às 10h30 com o depoimento de testemunhas de defesa. O júri deve terminar na sexta-feira, 21..