Os agentes penitenciários de São Paulo desafiaram a Justiça e barraram nesta sexta-feira, 14, a remoção de aproximadamente 250 detentos do "Linhão Caipira", na Penitenciária de Dracena, no interior do Estado. Cerca de 150 grevistas participaram dos piquetes que bloquearam a entrada do presídio e impediram que caminhões e ônibus entrassem na unidade para fazer a troca de veículos. Os piquetes foram feitos um dia após o Governo do Estado obter liminar da Justiça proibindo os grevistas de impedir o transporte e a remoção de detentos e de dificultar o cumprimento dos direitos da comunidade carcerária. Para garantir que ninguém pudesse entrar na unidade, diretores de sindicatos lacraram o único portão de entrada da penitenciária de Dracena com barras de ferro retorcidas.
Nos piquetes, os grevistas barraram oito caminhões e um ônibus com aproximadamente 150 detentos. Eles se posicionavam na rua de entrada do presídio e quando surgia um "bonde" paravam de mãos dadas em frente aos veículos, para impedir a passagem. Depois de gritar palavras de ordem e contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB), os manifestantes, muitos vestidos com camisetas e coletes da CUT e Força Sindical, aplaudiam quando os veículos voltavam de ré ou faziam o retorno - quase sempre depois de agentes conversarem com os motoristas.
Além de detentos, advogados também foram impedidos de entrar na unidade, como o criminalista Robson Fernandes, que disse ser morador de São Bernardo do Campo e teria viajado 700 quilômetros para visitar seu cliente. "Eu sabia da greve, acho que ela é justa, mas imaginei que houvesse bom senso, pois toda a greve tem de atender a população", disse. Sem poder entregar um documento ao seu cliente, Fernandes disse que voltaria em seguida para sua cidade.
Outro lado
A Secretaria de Administração Penitenciária informou que certamente os dois sindicatos devem ser multados por desobedecer a decisão judicial, mas que estava apurando se os diretores das unidades tinham conhecimento da liminar. Segundo a SAP, os diretores dos sindicatos não tinham sido notificados da decisão da Justiça o que facilitou para que organizassem os piquetes.