Atingida por dois tiros durante operação policial no Morro da Congonha, Claudia foi colocada no porta-malas de um carro da PM para ser levada ao hospital. No meio do caminho, a tampa do compartimento abriu, ela ficou pendurada por um pedaço de roupa no para-choque do carro e foi arrastada por pelo menos 250 metros.
Policiais militares do 9º Batalhão (Rocha Miranda) acompanham o protesto para evitar que mais ônibus sejam incendiados. Na noite de domingo, dois coletivos foram destruídos e uma viatura da PM, apedrejada. O corpo de Claudia foi enterrado no início da tarde no cemitério de Irajá (zona norte). Cerca de 200 pessoas, entre parentes, vizinhos do Morro da Congonha e colegas da empresa onde ela trabalhava, acompanharam o cortejo fúnebre.
Muito emocionado, o marido de Claudia, o vigia Alexandre Fernandes da Silva, de 41 anos, disse que a mulher "foi tratada como bicho". "Nem o pior traficante do mundo deveria ser tratado assim. Claudia havia acabado de sair de casa, por volta das 8h, para comprar pão, quando um grupo de quatro ou cinco policiais entrou na comunidade.
O feirante Carlos Roberto Francisco da Silva foi a primeira pessoa que encontrou Claudia depois de ser baleada. "Eles (os policiais) viram os bandidos correndo e começaram a atirar. Cheguei a avisar para terem cuidado porque havia vários moradores na rua. Escutei os tiros e, quando fui ver, minha comadre (Claudia) já estava caída no chão", contou Silva. A filha caçula da vítima, de 10 anos, estava em casa quando ouviu os disparos. "Acordei com o barulho e, quando fui ver o que estava acontecendo, vi minha mãe caída no chão. Ela não estava consciente e vi quando os policiais a colocaram na caçamba da viatura", disse a menina.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso. A 29ª DP (Madureira) aguarda a conclusão do laudo cadavérico, que vai apontar se a causa da morte de Claudia foram os tiros ou o fato de ela ter sido arrastada durante o socorro.