No julgamento, 12 policiais do Grupo de Operações Táticas Especiais são acusados pela morte de dez detentos e pela tentativa de homicídio de três presos que ocupavam o quinto pavimento da antiga Casa de Detenção do Carandiru. O massacre ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos durante ação policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 do Carandiru, que ficava na zona norte da capital paulista.
Negrini contou que esteve no Pavilhão 9 em três oportunidades para fazer a perícia. Ele disse que na cela 9-512E, localizada no quinto pavimento, a perícia encontrou várias marcas de tiros nas paredes, o que, pelas características das marcas, permitiu que ele concluísse que os tiros foram feitos por rajadas de metralhadoras. “As marcas nas paredes foram de rajadas”, disse ele.
O perito contou que, ao entrar no Pavilhão 9 no dia 2 de outubro, logo após a entrada da Polícia Militar, teve dificuldades para fazer a perícia, porque a luz do local tinha sido cortada. Mesmo assim, diz ter visto marcas de sangue e dezenas de corpos empilhados no segundo pavimento do Pavilhão 9. “Naquele dia, contei 89 corpos”, disse ele.
Nas outras duas vezes em que esteve no Pavilhão 9, o perito enfrentou dificuldades para fazer a perícia, porque que o local tinha sido lavado e limpo. O que sobrou, segundo ele, foram as marcas dos tiros nas paredes. “Houve tentativa de prejudicar o trabalho da perícia desde o primeiro momento. Não foram encontrados estojos vazios. Pela minha contagem, deveria ter uns 300 estojos vazios no local, mas não tinha nenhum. O estojo identifica a arma que fez o disparo. Mas os vestígios foram eliminados. Havia várias marcas nas paredes, mas os vestígios dos estojos desapareceram”, falou o perito.
Das cinco testemunhas de acusação arroladas pelos promotores Márcio Friggi de Carvalho e Eduardo Olavo Canto Neto apenas o perito foi ouvido. Das seis testemunhas de defesa arroladas pelo advogado dos policiais, Celso Vendramini, serão ouvidas duas..