Para o prefeito de São José dos Campos, Carlos Almeida (PT), o projeto precisa de maior debate com moradores e estudos técnicos de viabilidade. "A região não se nega a ajudar a população de São Paulo, mas é necessário discutir melhor a proposta, com bastante responsabilidade."
Grande parte das cidades com prefeitos favoráveis ao projeto não sofrerá problemas no abastecimento, já que seus municípios são atendidos por outros rios da região. É o caso de Redenção da Serra. "Somos atendidos pelo Rio Paraitinga e não teremos problemas. Porém, temos que ter cuidado, pois já abastecemos o Rio de Janeiro e agora atendendo a capital, podemos ter problemas futuros", avalia o prefeito Benedito Manoel de Moraes (PMDB). O prefeito de Lagoinha, José Galvão da Rocha (PSDB), também afirma que sua cidade não enfrentará dificuldades com a transposição. "Vou acompanhar o que a maioria dos prefeitos decidir."
O prefeito de Jambeiro, Altemar Mendes (DEM), também disse ser favorável à proposta.
A vereadora Renata Paiva, de São José dos Campos, afirmou que a transposição poderá provocar também fuga das indústrias na região e prejudicará o turismo náutico. "Os municípios irão barrar novos empreendimentos industriais devido ao alto consumo de água que essas fábricas geram. E se a estiagem se prolongar, entre setembro e outubro poderemos ter uma situação pior que a registrada no apagão de 2003".
Vale do Ribeira
O governo do Estado também pretende transpor água do Rio Juquiá, no Vale do Ribeira, para suprir o abastecimento na capital paulista. De acordo com o projeto, que está em fase de licenciamento ambiental e deverá custar R$ 1,8 bilhão, segundo a Sabesp, o volume deverá abastecer 3,5 milhões de habitantes da região Oeste de São Paulo.
De acordo com o presidente do Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Vale do Ribeira (Codivar) e prefeito de Jacupiranga, José Cândido Macedo Filho (PSDB), a transposição não afetará o abastecimento na região, já que o volume encontra-se alto. Segundo ele, de acordo com o projeto da Sabesp, deverão ser transportados 4,7 milhões de metros cúbicos por segundo, o que representa um terço do volume total do Rio Juquiá.
Segundo Filho, o projeto, que será executado por meio de parceria público-privada, está em fase avançada e consiste em levar a água até uma estrutura já existente em São Paulo, que de lá fará a distribuição deste volume. O aqueduto deverá ter 87 quilômetros de extensão. "Com esta transposição, essa região de São Paulo deixará de ser abastecida pelo Sistema Cantareira, que terá sobra de volume para atender a demanda das outras regiões da capital", explica o prefeito.
Segundo o superintendente da Sabesp no Vale do Ribeira, José Francisco Gomes Júnior, o projeto está em fase de licenciamento ambiental e haverá necessidade de desapropriações. "Estamos trabalhando nesta etapa do projeto nos últimos seis meses e as obras deverão durar ao menos dois anos". Segundo Júnior, o Estado deverá realizar algumas contrapartidas, como a dotação de 100% de coleta de água e tratamento de esgoto nos municípios de Juquiá e São Lourenço da Serra. "Futuramente, esse volume de água também poderá ser utilizado para produção de energia, que é um dos fatores mais problemáticos da região."
Ao contrário do projeto de transposição do Rio Paraíba do Sul, o prefeito de Jacupiranga, que também é membro do Comitê de Bacias Hidrográficas do Vale do Ribeira, haverá cobrança para o uso da água. "Estimamos um faturamento de R$ 6,5 milhões ao ano, que serão distribuídos às 25 cidades da região.".