Um em cada dois detentos de São Paulo já teve algum familiar preso e é reincidente, ou seja, foi condenado por algum outro crime ou conviveu, em sua infância, com pais dependentes de álcool. Isso é o que apontou o relatório Crime, Segurança Pública e Desempenho Institucional em São Paulo, que traça um panorama sobre as unidades prisionais paulistas.
O relatório foi coordenado, no Brasil, por José de Jesus Filho, da Pastoral Carcerária e doutorando em administração pública e governo da Fundação Getulio Vargas-Eaesp. O estudo é parte de um projeto de pesquisa internacional chamado Populações Carcerárias na América Latina que também foi desenvolvido na Argentina, no Peru, México, em El Salvador e no Chile.
A pesquisa foi feita entre os dias 24 de julho e 6 de agosto do ano passado e analisou o perfil de 751 presos de dez unidades prisionais em São Paulo. Segundo ela, um em cada quatro detentos pesquisados tinha fugido de casa antes de completar 15 anos de idade. Entre estes, 35,5% tomaram a atitude em decorrência de violência familiar. Outros motivos citados foram o alcoolismo ou pais (10,8%) envolvidos com drogas.
“Infere-se que as condições familiares e os lares onde cresceram os condenados são de negligência e marginalidade. São cada vez maiores os índices de violência, de consumo de drogas e de álcool, de abandono, de desistência escolar, de ingresso precoce na economia informal”, conclui o estudo.
A maior parte dos detentos (40% do total) foi presa por roubo, seguido por porte ou tráfico de drogas (30%), crimes sexuais (16%) e homicídio (11%). No caso de tráfico de drogas e porte de armas, a maioria dos crimes foi cometido por mulheres (66% dos casos).
Segundo o relatório, a maior parte dos presos é jovem e tem entre 25 e 29 anos. Quase a totalidade deles é homem (cerca de 5% são mulheres). Sete em cada dez entrevistados têm filhos e 30% deles não trabalhavam antes de ser presos. A maioria dos detentos, 83,7% do total, não conseguiu concluir o ensino médio.