Fontes das agências de inteligência e moradores da Favela Praia de Ramos (onde fica o Piscinão de Ramos) disseram nesta terça-feira, 1, à reportagem que a ocupação da Maré pela PM em nada mudou a rotina da milícia que controla a região. A quadrilha teria cerca de 50 integrantes e é formada em sua maioria policiais civis e militares. Por outro lado, como o Estado noticiou na segunda-feira, os principais traficantes do CV estariam no Paraguai, enquanto os do TCP teriam fugido para favelas da zona oeste da capital, onde a facção ainda é forte.
Em 2011, vários integrantes do bando chegaram a ser presos na Operação Guilhotina da Polícia Federal. Mas nem a investigação foi capaz de pôr fim à milícia. Nas duas favelas da Maré onde a quadrilha atua, os milicianos explorariam ilegalmente o transporte alternativo, o sinal clandestino de TV por assinatura ("gatonet") e até o estacionamento nas proximidades do Piscinão de Ramos. Eles também teriam o monopólio do fornecimento de botijões e gás nas favelas.
Questionada ontem pelo Estado sobre o porquê de não haver PMs do Bope ou do Choque patrulhando as favelas da milícia na Maré, a Polícia Militar não se manifestou até o fechamento desta edição. Perguntado sobre a mesma coisa na segunda-feira, o tenente-coronel Paulo Henrique de Moraes, chefe do Estado Maior Operacional da PM, explicou: "O patrulhamento é mais reduzido nas áreas de milícia porque não faz parte do modo de atuação desses grupos resistir à ocupação policial. De qualquer forma continuamos à procura de foragidos ligados ao tráfico e à milícia".
O Ministério da Defesa divulgou nota nesta terça-feira incluindo as favelas Roquette Pinto e Praia de Ramos na área de atuação do Exército na Garantia da Lei e da Ordem (GLO) a partir do próximo sábado, quando os militares substituirão a Polícia Militar na Maré.F.