Rio, 03 - O advogado João Tancredo, que representa a família da auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, criticou a postura de Nélio Andrade, advogado do tenente Rodrigo Boaventura e do sargento Zaqueu Bueno, PMs acusados de matá-la, durante a reconstituição do crime nesta quinta-feira, 3, na zona norte do Rio de Janeiro. Claudia, que tinha 38 anos, foi arrastada por um carro da Polícia Militar depois de ser baleada durante uma troca de tiros no Morro da Congonha, em Madureira, dia 16 do mês passado.
Tancredo criticou o fato de Andrade mexer no local do crime - que não estava isolado - para encontrar provas. "Não é o papel do advogado exercer essa conduta policial", disse Tancredo.
O defensor de Claudia também apontou que Ronald Felipe dos Santos, morador da favela que testemunhou o crime e foi preso em seguida, sob suspeita de participação, caiu em contradição em relação ao depoimento prestado logo após o fato à polícia. O advogado denunciou ainda que Santos conversou com os PMs acusados antes de fazer a reconstituição. Thais Lima, filha da Claudia, presenciou a conversa.
Durante a reconstituição, Santos afirmou que na hora do crime havia três traficantes com três armas, e um policial de fuzil. No entanto, no depoimento prestado logo após o crime, ele afirmara que eram três traficantes com apenas uma arma, além do policial. A polícia chegou ao Morro da Congonha por volta das 10h30, com grande aparato (mais de 20 policiais civis e pelo menos dez PMs). Segundo Tancredo, o acordo prévio era de que a entrada seria de forma mais discreta, para não assustar os moradores. Com essa chegada ostensiva, duas testemunhas que haviam sido convocadas por Tancredo não apareceram, por medo. Ele espera encontrá-las após a saída da polícia.