Os desembargadores da 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiram, nesta quinta-feira, 10, anular o julgamento que resultou na absolvição de Adriana Ferreira Almeida da acusação de ter encomendado o assassinato do próprio marido, o milionário Renê Sena.
A decisão dos desembargadores, que acolheram apelação do Ministério Público para reverter a absolvição, foi unânime. Adriana havia sido declarada inocente pelo Tribunal do Júri de Rio Bonito, em dezembro de 2011.
O advogado da viúva, Jackson Costa Rodrigues, disse que vai recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Entendo que não há provas contra minha cliente. Vamos até Brasília lutar para manter a absolvição".
Ganhador de R$ 52 milhões na Mega-Sena em junho de 2005, Renê foi executado a tiros em 7 de janeiro de 2007, enquanto bebia cerveja num bar em Rio Bonito, a 75 quilômetros da capital. O crime foi cometido por dois homens que chegaram ao local numa moto e depois fugiram.
O acórdão da 8ª Câmara Criminal acirra ainda mais a disputa pela fortuna de Renê, que está bloqueada por decisão judicial. Advogados que atuam no processo estimam que atualmente a herança supere R$ 100 milhões.
Em seu último testamento, Renê deixou 50% de seus bens para Adriana, e a outra metade para sua filha única, Renata Sena. Enquanto não for resolvida a questão criminal, Adriana está impedida de pegar sua parte na herança.
Além disso, 11 irmãos de Renê entraram na Justiça pedindo a anulação do último testamento, alegando que houve várias ilegalidades na confecção do documento. Eles querem fazer valer o testamento anterior, no qual Renê deixava 50% para sua filha única e o restante para os irmãos. O pedido, no entanto, foi julgado improcedente em primeira instância. O advogado Sebastião Mendonça, que representa os irmãos, recorreu ao Tribunal de Justiça, mas ainda não houve decisão. "A anulação da absolvição de Adriana reforça nosso intuito de anular o testamento. Como mandante do crime, ela não tem direito à herança".
Outros réus
De acordo com a denúncia do Ministério Público, seis pessoas tiveram participação na execução de Renê. Destes, apenas dois foram condenados pelo Tribunal do Júri de Rio Bonito. O ex-PM Anderson Sousa e o motorista Ednei Gonçalves Pereira foram condenados a 18 anos de prisão, em julho de 2009. Segundo as investigações, os dois estavam na moto que abordou Renê: o primeiro efetuou os disparos, e o segundo pilotava o veículo.
Já Adriana e outros três réus foram julgados inocentes em 2011. O MP recorreu apenas contra a absolvição de Adriana..