Agora, o estudo publicado pela Fundação Cochrane e pelo British Medical Journal revela que o gasto pode ter sido totalmente desnecessário. Só o governo do Reino Unido gastou mais de 600 milhões no remédio. Nos EUA, a conta chegou a US$ 1,2 bilhão. As vendas do remédio aumentaram em mais de 1.000%, e as ações da Roche registraram ganhos. Mas, segundo o novo estudo, o remédio não conseguiria impedir a proliferação do vírus H1N1 nem reduzir suas complicações.
Para os analistas, parte da falta de informação vem do fato que de empresas farmacêuticas não publicam os dados de suas pesquisas. Para chegar a essa conclusão, os acadêmicos foram obrigados a consultar os testes médicos do governo britânico e analisar mais de 16 mil páginas do registro e licenciamento do remédio. "Os gastos não beneficiaram a saúde humana", declarou Carl Heneghan, um dos autores do informe e professor de Oxford. O resultado mostrou que os sintomas da gripe seriam reduzidos de sete dias para 6,3 dias. Segundo o levantamento, tomar paracetamol também levaria ao mesmo resultado, declaração contestada pela Roche. "São constatações que podem ter sérias implicações para a saúde pública", afirmou a empresa. Outros analistas também questionaram o estudo, alertando que a redução dos sintomas em crianças pode ser um ponto positivo no tratamento.
Polêmica.
Na OMS, a entidade se limitou a dizer que estudaria as novas evidências. Mas ainda mantém o Tamiflu na lista dos "remédios essenciais". A revista The Lancet publicou um estudo que mostrou que a mortalidade do vírus H1N1 seria reduzida em 25% entre os pacientes que, uma vez internados, fossem medicados com o Tamiflu. Ainda assim, as novas revelações reabriram o debate sobre o papel da OMS em promover produtos de uma determinada marca, sem que haja um consenso na comunidade científica..