O acondicionamento inadequado de 40 corpos de bebês é apenas "a pontinha do problema" no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), afirma a promotora de Infância e Juventude Ana Cristina Huth Macedo. Ela começou a investigar o armazenamento de corpos quando pediu informações sobre o enterro de um bebê morto no HUPE, em 2012. Foi informada que a criança ainda não havia sido sepultada. Como aquele menino, descobriu outros 39 corpos nas geladeiras do necrotério do hospital, ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Além dos corpos dos bebês, ela contou que, durante a vistoria no hospital, encontrou duas gavetas com pernas e braços amputados que também não tiveram o descarte adequado. De acordo com a promotora, não há risco de contaminação por conta dos corpos armazenados. "A princípio, não (há risco). Peritos legistas que fizeram a vistoria comigo não relataram risco de contaminação para o hospital", afirmou. Ana Cristina disse que o diretor do hospital, Rodolfo Nunes, não a acompanhou na vistoria. "Não recebi explicação nenhuma para aquela situação. Na melhor das hipóteses, é um descaso, um desrespeito", afirmou.
Em uma vistoria, a promotora encontrou 40 corpos de bebês, 15 deles sem identificação nenhuma. Ela cobra do hospital a identificação dessas crianças por exame de DNA e "sepultamento digno" para os corpos. Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, o diretor do hospital reconheceu a falha e informou que abrirá sindicância para corrigir os problemas.