“É uma metáfora às mulheres que tanto sofreram em nome de outras pessoas, filhos, maridos, sobrinhos, várias gerações sustentadas por elas”, explicou uma das organizadoras do evento, Nina Vieira, integrante dos coletivos Manifesto Crespo e Roda da Mãe Preta. O ato teve início em frente à Igreja da Consolação, no centro capital, e seguiu em cortejo ao som de atabaques, por volta das 15h30, até a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. “Os tambores são uma forma de nos conectar com os nossos ancestrais, especialmente, as lutadoras”.
Após uma hora de caminhada, os participantes chegaram à estátua da Mãe Preta, em frente à igreja, e fizeram uma oferenda de rosas vermelhas. “O ato tem como propósito falar não só sobre o que aconteceu com a Cláudia, mas também com toda a população negra que enfrenta diariamente a negligência dos governos”, disse Nina. Ela destacou que a proposta é fazer um ato político, mas de forma pacífica. “Por isso também que optamos por fazer em um feriado.
O viúvo de Cláudia, Alexandre Fernandes Silva, 42 anos, que também esteve presente ao ato, lembrou que a presença do Estado, normalmente, ocorre por meio da violência nas favelas. “Tem comunidades que a UPP trata o morador da mesma forma que antes, nada mudou”, avaliou. Cláudia era auxiliar de serviços gerais, mãe de quatro filhos e educava mais quatro sobrinhos. Alexandre, hoje, é responsável pela educação de oito crianças e adolescentes.
O ato teve continuidade com apresentações culturais no Largo do Paissandú. Foram convidados grupos de danças tradicionais, como o Jongo; sarau de mulheres negras; rap; djs; e dança. A educadora Adriana Gonçalves, 30 anos, decidiu participar do protesto porque avalia que casos como o de Cláudia são emblemáticos em relação ao tratamento dado à população negra. “Temos a memória muito curta. Não podemos deixar que isso não passe de uma comoção .