Maria de Fátima acredita que seu filho foi morto por desavença anterior, que tinha com PMs da UPP do Pavão-Pavãozinho. A auxiliar de enfermagem conta que o filho foi abordado de forma truculenta por um policial militar e reagiu. "O policial prendeu o Douglas e apreendeu a moto, com a autoridade dele. Na verdade, tinha que levar o Douglas para delegacia, tinha que mandar a moto para um depósito do Detran. E não prender o menino. (O policial) viu que as pessoas estavam ligando e liberou ele, mas manteve a moto presa por três dias. Encheram o tanque de areia de praia e mandaram ele buscar depois. Essa moto desceu quase no braço de amigos deles, para não destruir todo o sistema", contou Maria de Fátima. Ela disse ainda que três meses depois, a moto foi furtada na favela. Moradores disseram que um PM colocou a moto numa Fiorino e levou o veículo. "Nós recebemos multa dessa moto, que estava rodando em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense).
Ela fez uma crítica à política de pacificação de favelas do governo do Estado. "A UPP tem que mudar. Comunidade não pode ser afrontada, viver em baixo de pau. Se você investigar, a comunidade tem mais medo de policial do que do bandido", afirmou Maria de Fátima, que reiterou a intenção de processar o Estado pela morte do filho.
A entrevista de Maria de Fátima à Rádio Estadão foi acompanhada pela ouvidora das UPPs, Tatiana Lima. Ela disse que estava ali para dar esclarecimentos para a família de Douglas.
Pela internet
O pintor Paulo César Calazans Pereira, de 50 anos, disse que soube da morte do filho pela internet, na terça-feira, 22. Um dos sete irmãos do dançarino navegava pela página do Facebook de Douglas quando a mensagem de um amigo que dizia "Saudades eternas" chamou sua atenção e ele disse ao pai que algo de grave tinha acontecido com o irmão.
"Estou passando mal desde que soube que meu filho morreu, assim, de repente. Nunca pensei que isso fosse acontecer com meu filho. Ele tinha um futuro pela frente". Calazans mora no bairro Imbariê, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mas estava em Cabo Frio, na Região dos Lagos, quando soube do assassinato do filho.
Calazans afirmou que os policiais "bateram, roubaram e deram tiro" em Douglas.
Ele questionou a efetividade do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). "Que segurança é essa que um trabalhador não pode sair de casa na hora que quer, não pode usar uma jóia, ter seu carro? Esses são os policiais que colocam para tomar conta da comunidade. Todos despreparados".
"Daqui a três semanas vocês (jornalistas) estarão entrevistando outras pessoas (vítimas de violência)", completou.
Com o andamento das investigações, o pai de Douglas espera que haja justiça. "Sonhar não custa nada, então estou sonhando com a justiça"..