Paulo Sérgio, acompanhado de pesquisadores da CNV, está no Chile para iniciar a apuração sobre a colaboração entre as ditaduras militares brasileiras e chilenas. Em depoimento à Comissão, Malhães havia confirmado o envio de torturadores ao país logo depois do golpe de 1973 que levou Augusto Pinochet ao poder.
O cientista político destacou a necessidade de proteção a quem depõe à Comissão, não apenas as vítimas, mas para quem testemunhar sobre os crimes cometidos pelo governo militar. "É absolutamente preocupante e a CNV vai refletir sobre isso", disse. No entanto, o professor não acredita que o assassinato de Malhães vá influenciar o trabalho da comissão ou afastar outras testemunhas. "A Comissão vai continuar trabalhando e quem tiver que testemunhar vai testemunhar", afirmou.
O coronel reformado do Exército Paulo Malhães foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira, 25, no sítio em que morava em Nova Iguaçu (cidade na Baixada Fluminense). O corpo apresentava marcas de asfixia, segundo a Polícia Civil.
De acordo com o relato da viúva do coronel, Cristina Batista Malhães, três homens invadiram o sítio de Malhães na noite desta quinta-feira, 24, (24) procurando armas. O coronel seria colecionador de armamentos, disse a mulher aos policiais da Divisão de Homicídios da Baixada que estiveram na propriedade.
Em seu blog, o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, afirmou que Malhães foi assassinado e, no mesmo texto, lembrou a morte de outro coronel, também ex-agente da ditadura, Júlio Miguel Molina Dias, ocorrida em 2012. Ustra comandou o DOI-CODI, em São Paulo, entre 1970 e 1974. No fim de março, durante atos que lembraram os 50 anos do golpe militar, Ustra foi alvo de manifestações de grupos de direitos humanos que pedem a punição de ex-agentes da ditadura..