O delegado-adjunto da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, Fábio Salvadoretti, afirmou no fim da tarde desta sexta-feira, 25, não descartar nenhuma hipótese para explicar o assassinato do coronel da reserva do Exército Paulo Malhães, morto na noite dessa quinta-feira, 24, em um suposto assalto no sítio em que morava na zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A possibilidade da morte ter relação com o depoimento de Malhães na Comissão da Verdade também é investigada.
Segundo o policial, os assaltantes arrombaram a casa por volta de 13h de ontem e ficaram esperando a chegada de Malhães e de sua mulher Cristina Batista Malhães para rendê-los. O caseiro, identificado apenas com Rogério, que estava no terreno da propriedade, não teria percebido a invasão e também foi rendido.
Apenas um dos integrantes do bando estava encapuzado e, segundo o policial, eles tinham duas armas curtas e uma longa. Uma testemunha não identificada afirmou ter visto do lado de fora da propriedade outras duas pessoas supostamente responsáveis pela fuga.
O assalto durou até as 22h de quinta. Depois de render as vitimas, os criminosos separaram as três vítimas dentro da casa perguntando insistentemente por armas e joias e obrigando o caseiro e a mulher de Malhães a procurá-las.
Malhães foi mantido em seu próprio quarto, onde foi encontrado morto supostamente por asfixia. O corpo estava de bruços, com o rosto contra um travesseiro e apresentava sinais de cianose, que são características de sufocamento. Os criminosos amarraram Rogério e Cristina e foram embora depois do crime.
A mulher conseguiu se libertar das cordas durante a madrugada e chamou a Polícia Militar, mas os policiais alegaram que a área é perigosa e só chegaram de manhã. De acordo com o delegado Salvadoretti, a região da antiga Estrada de Madureira é objeto de disputa de várias facções criminosas.
Ex-integrante de órgãos de repressão política da ditadura civil-miltar de 1964-85, Malhães afirmou ter participado de torturas, assassinatos e desaparecimentos de militantes políticos, inclusive dos restos mortais do ex-deputado Rubens Paiva. À Comissão da Verdade, ele também contou detalhes sobre o funcionamento da Casa da Morte de Petrópolis, na Região Serrana fluminense, um centro clandestino de tortura e homicídios mantido pelo Centro de Informações do Exército.