Jornal Estado de Minas

Dono de página no Facebook ajudará na investigação do caso de mulher morta após boato

Autor da página 'Guarujá Alerta' afirmou em depoimento à polícia ter deixado claro nas publicações que a notícia era apenas um boato

Agência Brasil
Ultima publicação da página Guarujá Alerta, que indica que o administrador já foi identificado, está colaborando com a polícia e será testemunha no caso - Foto: Reprodução/Facebook

O responsável pela página 'Guarujá Alerta', na internet, que gerou o boato sobre uma mulher que estaria sequestrando crianças na cidade para usar em rituais de magia negra, compareceu espontaneamente nesta terça-feira (6) à Policia Civil em Guarujá, no litoral sul de São Paulo.

Segundo o delegado Luís Ricardo Lara, o homem pediu sigilo sobre a sua identidade e quanto ao conteúdo do depoimento, porque sofre ameaças. "Foi bastante esclarecedor . Ele mostrou disposição em ajudar a polícia e a identificar as pessoas, permitiu que a polícia tenha acesso a todo o conteúdo publicado na página. Ele vai ajudar nas investigações", disse o delegado.

O boato prosperou porque foi publicado no Facebook o retrato falado de uma mulher que tentou sequestrar uma criança no Rio. Confundida com a suspeita, Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, foi espancada até à morte. De acordo com Diego Soares de Oliveira Scarpa, advogado do autor da página, o retrato falado sobre a existência da sequestradora existe desde 2012.

"Ele só compartilhou o que estava na internet. Fez uma nova postagem alegando que surgiu o boato lá. Nós deixamos a senha do Facebook para o delegado ver que as denúncias sobre a sequestradora vinha de usuários.
Até uma diretora de escola disse que não ia ter aula por causa disso. Foram muitas denúncias", disse.

Segundo o advogado, apenas o seu cliente posta na página, mas muitos usuários usam os comentários para propagar boatos. "Meu cliente tem mais seguidores que muitos jornalistas, mas ele é uma pessoa simples, um trabalhador", declarou.

O delegado informou que a Polícia Civil trabalha com as imagem divulgadas em redes sociais, na tentativa de identificar todas as pessoas que aparecem. "Fomos ao Bairro Morrinhos a procura de testemunhas do crime", disse. Os autores das agressões podem responder por homicídio doloso, porque todos assumiram o risco da morte de Fabiane.

Em depoimento, o autor do 'Guarujá Alerta' disse que suas postagens deixavam claro que a polícia não confirmava a veracidade das informações e explicitava o tom de boato. Para a polícia, é prematuro afirmar que ele tem responsabilidade no crime. Familiares da vítima foram ouvidos ontem no 1º Distrito Policial, acompanhados de advogado e forneceram cópias dos vídeos do espancamento..