Ex-militares da Força Aérea Brasileira (FAB) que foram perseguidos durante o regime militar fizeram um ato público nesta quarta-feira (7), em frente ao Clube Militar, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. O objetivo foi inaugurar um monumento em memória à verdade e à justiça e em homenagem aos homens e mulheres que resistiram à ditadura militar.
“Esse memorial é dedicado aos militares cassados e perseguidos por defenderem a democracia e os direitos constitucionais. Pela verdade, memória, reparação e justiça, para que não se esqueça e nunca mais aconteça”, registra a placa do monumento.
Evaldo Figueiredo também era cabo durante o regime militar e, no início do período ditatorial, servia no setor de arquivo do Hospital de Aeronáutica dos Afonsos (Haaf), na zona oeste do Rio de Janeiro. Ele contou que foi perseguido e expulso da Aeronáutica pela Portaria 1.104/64, que impedia a estabilidade dos cabos. Segundo Figueiredo, a portaria estabeleceu um tempo para soldados e cabos deixarem o serviço militar. “Não podíamos mais continuar na carreira. Foi um ato de arbitrariedade”, definiu.
Depois que saiu da Aeronáutica, ele fez um curso técnico de mecânica pesada no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ) e passou a trabalhar no estaleiro Ishibrás e, depois, na empresa francesa Michelin, onde se aposentou.
Figueiredo destacou que, após a assinatura da Lei 10.559, de 2002, pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, foi dado aos militares perseguidos durante a ditadura o direito de reaverem o que perderam. Naquele mesmo ano, ele deu entrada no pedido de indenização na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, mas ainda não recebeu nada.
Reunidos em seminário na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), os ex-militares da FAB cassados vão elaborar uma carta que será encaminhada à presidenta Dilma Rousseff, narrando a situação dos que foram perseguidos pelos próprios militares. A expectativa é que, décadas depois, a justiça seja restabelecida.