Guarujá, 08 - Mais um homem foi preso na noite desta quinta-feira, 8, em Guarujá, no litoral de São Paulo, como o terceiro suspeito de participar do linchamento da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, morta na segunda-feira, 5, dois dias depois de ser espancada no bairro Morrinhos, onde morava. Fabiane foi confundida com uma suposta sequestradora de crianças, que teve seu retrato falado postado em uma rede social. O terceiro homem preso, ainda não identificado pela polícia, foi reconhecido pelos vídeos feitos por moradores durante a agressão.
Segundo já havia informado o delegado Luís Ricardo Lara Dias Júnior, que conduz as investigações, dez pessoas foram identificadas nas imagens. De acordo com o ajudante de pedreiro Lucas Rogério Fabrício Lopes, de 19 anos, preso no início da madrugada desta quinta, dois homens procurados pela polícia foram executados pelos traficantes que atuam na comunidade de Morrinhos. O ajudante de pedreiro afirmou ainda que muita gente que participou do linchamento já desapareceu do Guarujá, a fim de fugir da polícia e também do tráfico.
Em seu depoimento, Lopes reconheceu dois agressores. Pepê, que era seu vizinho e teria sido morto pelos traficantes, aparece nas imagens captadas pela multidão com um fio elétrico usado para amarrar a dona de casa. O ajudante de pedreiro também reconheceu outro homem que participou do crime, conhecido como Pote e que, como o vizinho, também foi executado pelos marginais, de acordo com Lopes.
Lopes afirmou ainda que muitas crianças participaram da agressão, munidas de paus e pedras que foram atirados na mulher. Ele mesmo, segundo revelou em seu depoimento, foi despertado na tarde de sábado pela gritaria dos moradores, quando acabou se envolvendo no crime. De acordo com Lopes, os boatos que corriam pela região eram de que a suposta sequestradora capturava as crianças para rituais de magia negra. "A conversa era de que a mulher arrancava o coração e os olhos das crianças para os rituais."
Arrependimento.
O ajudante de pedreiro, que foi capturado na sua casa, em Morrinhos, afirmou que está arrependido e que só pode pedir desculpas à família de vítima. Ele cuida de uma enteada de quatro anos. Quando ainda era menor, chegou a ser apreendido pela polícia por tráfico de drogas.