Uma das coordenadoras do Sepe, Suzana Gutierres, diz que a categoria não teme perder o apoio popular conquistado no movimento do ano passado, ao convocar uma greve pouco mais de seis meses após a última paralisação. "Temos plena consciência e certeza que nossa greve é legítima. A prefeitura e o Estado vêm recebendo muitas verbas, mas não investem na educação. A população tem apoiado outras greves, outras manifestações, como a dos garis, recentemente.
Além do reajuste, os professores querem plano de carreira unificado, fim da terceirização de funcionários, eleição direta para diretores, carga horária de 30 horas semanais para funcionários administrativos (que cumprem 40 horas semanais), uma matrícula por escola (há professores que trabalham em mais de três escolas), entre outras reivindicações. O secretário de Estado de Educação, Wilson Risolia, disse que ficou surpreso com o anúncio da greve. De acordo com Risolia, o mês do dissídio do magistério é maio e a secretaria acabou de encaminhar proposta de reajuste para ser analisado pela Secretaria de Planejamento e Gestão e pela Casa Civil. Ele lembrou ainda que as aulas da última greve foram repostas, mas os alunos ainda estão tendo aulas aos sábados por causa dos feriados do mundial de futebol. "Acho que é intempestivo convocar a greve agora, há um mês da Copa. Esse é um ano atípico", afirmou.
O secretário Risolia refutou as críticas do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação, segundo as quais pontos do acordo firmado no ano passado não foram cumpridos. "Estamos sendo super rigorosos. Do contrário, estaríamos rompendo um acordo feito com o Supremo", afirmou. Risolia ressaltou que o aumento de 20% pleiteado pela categoria é "inviável" e que foram feitas várias simulações para o reajuste, com índices a partir de 8% - o mesmo dado ano passado. Ele afirmou que hoje 93% dos 74 mil professores da rede já trabalham em apenas uma escola - antes da greve do ano passado, essa proporção era de 84%. Lembrou ainda que os servidores administrativos fizeram concurso para trabalharem 40 horas semanas. Segundo ele, a mudança representaria "um risco jurídico", já que outras categorias poderiam começar a reivindicar redução da carga horária sem reduzir salários.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou vem cumprindo os acordos firmados no STF. "A Prefeitura do Rio enviou à Câmara dos Vereadores o Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR), que foi aprovado e de imediato garantiu um reajuste de 15,3% para os professores - implementado em 1º de outubro.