Cinco dias depois dos protestos que pararam o Rio de Janeiro, na última quinta-feira, novas manifestações invadiram a cidade. Desta vez, além dos rodoviários, vigilantes e engenheiros saíram às ruas para reivindicar melhores salários e condições de trabalho. Houve depredação e prisões. Em São Paulo, cerca de 5 mil profissionais de educação bloquearam a Avenida Paulista no fim da tarde, complicando o trânsito já caótico da região. Os atos públicos chegam ao Palácio do Planalto como um prenúncio das mobilizações marcadas para amanhã, batizadas, na internet, como o Dia Internacional de Lutas contra a Copa. Antes protagonizados por black blocs, os protestos agora reúnem categorias profissionais que se aproveitam da visibilidade do torneio — e da proximidade das eleições — para intensificar as cobranças. A menos de um mês do início do Mundial, o gigante dá sinais de um novo despertar, com poder de influenciar diretamente na corrida presidencial.
Além do Rio, de São Paulo e de Manaus, houve protestos em Belo Horizonte, no Recife, em Fortaleza, em Salvador e em Curitiba ontem. Um dos principais destinos dos turistas que virão ao Brasil para o campeonato de futebol, o Rio teve um dia caótico ontem, reforçando o temor da comunidade internacional de que problemas afetem a viagem de milhares de estrangeiros. Segundo o último levantamento da Rio Ônibus, que reúne as concessionárias de transporte, 158 veículos foram atacados e 12 pessoas acabaram presas. O sindicato estimou que apenas 18% dos 8,8 mil coletivos circularam. Mas decisão do Tribunal Regional do Trabalho determinou que o serviço seja mantido com pelo menos 70% do efetivo de rodoviários do município. Além disso, ficou estabelecida multa diária de R$ 50 mil contra o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio de Janeiro (Sintraturb-Rio) em caso de descumprimento.