Jornal Estado de Minas

Comerciantes de SP temem protestos às vésperas da Copa

Em vez de investir e lucrar durante o mundial, comerciantes pensam em fechar as portas e tomar prejuízo, por medo de depredação

Concessionária de automóveis depredada em São Paulo - Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Comerciantes de estabelecimentos que ficam na Rua da Consolação, no centro de São Paulo, temem novos protestos com depredações às vésperas da Copa do Mundo em São Paulo. Na noite desta quinta-feira, 15, pelo menos três agências bancárias e uma concessionária foram depredadas ao fim de uma manifestação que começou de forma pacífica e reuniu cerca de 1,2 mil pessoas contra a Copa do Mundo na região da Avenida Paulista.

Dono de um bar e restaurante na Rua da Consolação, Vanilson Jorge, de 44 anos, desistiu de decorar o bar e promover eventos durante os jogos da Copa do Mundo. "A gente estava pensando em decorar todo o restaurante e até alugar um telão, mas, infelizmente, não nos sentimos seguros em abrir. Certamente fecharemos durante a Copa", disse o proprietário. Ele contou que, ao saber do protesto desta quinta-feira, fechou as portas às 16h. "Só picharam a parede. Já perdi as contas de quantas vezes tive de limpar pichações depois de protestos". Lá fora, em lilás estava escrito "Não vai ter Copa".

A poucas quadras dali, o gerente de uma loja de lustres mostrava a grade de ferro que foi colocada na frente do vidro do estabelecimento para evitar o quebra-quebra.
Normalmente, ela era posta em dias de protestos e retirada no dia seguinte, mas dessa vez, não deve sair tão cedo. "Colocamos a grade ontem e só vamos tirar depois da Copa", disse o gerente Donizete Moreira, de 58 anos.

Na manhã desta sexta-feira, 16, funcionários da concessionária Hyundai que foi quebrada e pichada por manifestantes ainda trabalhavam na limpeza do local. Três carros tiveram os vidros quebrados e as laterais amassadas, entre eles um Santa Fé que custa, segundo funcionário, entre R$ 175 mil e R$ 184 mil. Nenhum responsável pela agência quis, entretanto, dar entrevista sobre o ocorrido.

Para Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o comércio atualmente vive um cenário de incertezas. "O mercado funciona na base da confiança. O comerciante compra o estoque ou faz uma mudança na fachada porque ele confia que terá um retorno. Mas em situações como essa (de manifestações com depredações), eles passam a não confiar mais". Segundo Amato, a orientação de maneira geral é que, no primeiro "sinal de bagunça", os comerciantes fechem as portas e se protejam.

Detidos

Durante a manifestação de ontem, sete pessoas foram detidas e um adolescente apreendido. O adolescente foi encaminhado para a Fundação Casa e os sete detidos foram encaminhados para o 78° DP (Jardins) e liberados em seguida. Três deles tiveram de assinar um Termo Circunstanciado de desacato, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP)..