Com três clássicos do seminal grupo que integrou, o Grand Funk Railroad, o cantor e guitarrista americano Mark Farner fez o show mais pesado e feérico da Virada cultural até agora.
Rock and Roll Soul, Footstompin' Music e We're an American Band, os clássicos, realimentados pela cozinha poderosa e pela leitura absolutamente moderna de Farner, que tritura o gênero com uma performance meio comanche, meio black, meio Led Zeppelin, meio James brown, trouxeram a relevância artística e a atitude à Virada. Impensável considerar que Farner já tem 66 anos, o homem parece um endemoniado - mas é um cristão radical, tem crucifixos até na guitarra.
Farner se apoderou do legado do Grand Funk (99% do show é Grand Funk) sem passadismo, injetando urgência e eletricidade próprias em canções como Paranoid, Creepin', Bad Time, entre outras. A cadência do seu funk, no entanto, não é domesticada, carrega perigo e desvio consigo.
Ali pelo meio, ele passeou seus mullets de navajo e uma cover de Little Eva, The Loco-Motion, e ninguém mais parou de dançar. Mas a bateria de sua banda é de derrubar búfalo, um massacre. O cantor é fleumático, marrento, mistura português com espanhol, mas a plateia o adorou.