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Estado de Minas

Polícia conclui que Marcelo Pesseghini assassinou a tiros seus pais


postado em 21/05/2014 07:23

Pai e filho estavam juntos sempre que podiam, o que faz a família não acreditar na versão da polícia(foto: Facebook/Reprodução da Internet - 10/8/13)
Pai e filho estavam juntos sempre que podiam, o que faz a família não acreditar na versão da polícia (foto: Facebook/Reprodução da Internet - 10/8/13)
 

Após mais de nove meses da morte de cinco pessoas da família Pesseghini, a Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito sobre os crimes ocorridos em 5 de agosto de 2013, na Brasilândia, na Zona Norte da capital paulista. A investigação chefiada pelo delegado Charlie Wei Ming Wang aponta o estudante Marcelo Pesseghini, de 13 anos, como autor dos assassinatos do pai, Luís Marcelo Pesseghini, de 40, sargento da Rota (tropa de elite da Polícia Militar); a mãe, Andréia Bovo Pesseghini, de 36, cabo da PM; a avó, Benedita Bovo, de 67; e a tia-avó, Bernadete Bovo, de 55.

O inquérito enviado ao Ministério Público (MP) tem nove volumes, com mais de 2 mil páginas. O promotor de Justiça Daniel Tosta, do 2º Tribunal do Júri de Santana, tem 15 dias para analisar o inquérito e decidir se pede novas diligências à polícia ou o arquivamento do caso. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a investigação só foi encerrada agora porque a polícia estava aguardando esclarecimentos do Instituto de Criminalística (IC) sobre parecer médico-legal independente que contesta a tese da polícia. O documento enviado em fevereiro ao Tribunal de Justiça e ao MP é assinado pelo médico-legista George Sanguinetti, que ficou conhecido após causar reviravolta ao defender a tese de duplo assassinato do ex-tesoureiro Paulo César Farias e sua namorada, Suzana Marcolino, ocorrido em 1996, em Maceió (AL).

O encerramento das investigações contraria desejo dos avós paternos de Marcelo que, segundo a advogada Roselle Soglio, queriam a reabertura das apurações e, inclusive, serem ouvidos também. Os avós não acreditam que Marcelo tenha praticado o crime. Além de uma série de questionamentos a serem respondidos pela perícia, Roselle levantou contradições no depoimento de testemunha chave do caso. Essa testemunha, o soldado João Batista da Silva Neto, de 39 anos, vizinho e colega de trabalho de Andréia Pesseghini, mãe de Marcelo, disse ter visto a família em um churrasco em casa por volta das 12h de domingo, dia do crime. Silva Neto foi uma das duas pessoas que encontraram os corpos e chegou a ser questionado pela polícia se tinha um caso amoroso com Andréia, fato que ele negou. “Como viu que era uma festa familiar, acabou recusando o convite para entrar”, atesta trecho do depoimento à polícia.

Ocorre que ingressos encontrados na casa das vítimas indicam que pai, mãe e filho foram cinema em um shopping. Três tíquetes foram comprados às 12h45 daquele dia, para a sessão das 13h20. Procurado pela reportagem, Silva Neto disse estar proibido de falar sobre o assunto. A polícia diz não haver dúvidas de ter sido o menino o autor das mortes a tiros dos pais, da avó e da tia-avó em agosto do ano passado. Disse que a versão apresentada pelo policial pode não ser verdadeira, mas que isso não muda as apurações.

O CASO
De acordo com a principal linha de investigações, Marcelo matou a família, dirigiu com o carro dos pais até a escola, frequentou as aulas de manhã e retornou para casa de carona. Na sequência, ele se matou. A Polícia Militar disse que investiga também a acusação de que Andreia teria sido convidada a participar de roubos a caixas eletrônicos. A informação foi dada pelo deputado estadual Olímpio Gomes (PDT), major da reserva da PM. Ele denunciou o caso à Corregedoria da corporação.

“O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) apenas confirmou afirmação da imprensa de que o local ’não estava totalmente idôneo’. Isso, evidentemente, não quer dizer que houve violação proposital da cena do crime”, afirma o texto. Sebastião de Oliveira Costa, de 54 anos, parente das vítimas, disse que chegou à casa às 17h45 do dia 5 e que havia ao menos 30 PMs dentro dela, antes da chegada da perícia. Peritos constataram nessa semana que os disparos poderiam ser ouvidos a 50 metros da casa da família. Nenhum vizinho, no entanto, disse ter escutado os tiros.


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