Jornal Estado de Minas

Sem ônibus, aposentado anda 2 km de muletas

São Paulo, 21 - Com muita dificuldade, o pedreiro aposentado Judivan da Silva, de 42 anos, caminhava de muletas pela Avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste da cidade, por volta das 12h30 desta quarta-feira, 21.
Sem conseguir pegar um ônibus, o aposentado procurava algum meio de transporte para chegar ao Hospital das Clínicas, onde tinha uma consulta marcada desde fevereiro.

Ele já havia caminhado 2 quilômetros quando a reportagem o encontrou - apoiado a uma grade de um edifício comercial da avenida para descansar. “Estou andando desde a Estação Hebraica-Rebouças (de trem) para ver se consigo pegar um ônibus na Teodoro (Sampaio). Não tenho alguns movimentos das pernas”, disse Silva.

Morador de Parelheiros, na zona sul da cidade, ele saiu às 7 horas de casa, pegou um ônibus até o Terminal Varginha e um trem até a Estação Hebraica-Rebouças. Tudo isso para garantir a consulta e raio X da coluna, que tem pinos há 14 anos, desde que ele sofreu um acidente de trabalho.

Enquanto a reportagem entrevistava Silva, dois executivos que trabalham na avenida ouviram a história dele e o ajudaram com o dinheiro para o táxi. Emocionado, ele agradeceu a ajuda e seguiu para a consulta. “Eles fazem essa greve de surpresa e acabam prejudicando a gente”, lamentou.

Retorno.

Após ser atendido no hospital, a luta pelo transporte continuou. O aposentado conseguiu pegar uma van até o Largo da Batata, por volta das 15h30, e andou mais 2 quilômetros para voltar à Estação Hebraica-Rebouças.
Às 18 horas, ele ainda estava no Terminal Grajaú, onde conseguiu uma carona. “O trem estava lotado e foi um sufoco, mas ainda bem que vou conseguir voltar para casa com um amigo.” Hoje, Silva tem consulta em uma unidade de saúde da Vila Mariana, mas ainda não sabia ontem se conseguiria chegar. “Acho que amanhã vai estar tudo parado e eu não vou conseguir”, lamentou..