A greve dos motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo foi suspensa ontem em meio ao bate-boca entre autoridades da Prefeitura e do Estado. No segundo dia de paralisação-surpresa, que fechou 15 dos 28 terminais e deixou veículos abandonados pelas vias, a categoria firmou um acordo para voltar a trabalhar hoje.
No programa Brasil Urgente, da Band, no início da noite de ontem o secretário estadual de Comunicação, Marcio Aith, disse que era “uma hipocrisia” do secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, atribuir à Polícia Militar a responsabilidade de impedir a greve. Segundo ele, Tatto teria “ligação” com o setor de transportes. O petista disse que Aith tenta “criar um ambiente tortuoso na cidade”.
O secretário da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) acusou Tatto de obstruir uma investigação policial que apurava a queima de ônibus na cidade por não repassar informações solicitadas pela polícia sobre o assunto por meio de um ofício. Só neste ano, mais de 70 veículos foram destruídos na capital.
Aith disse que o secretário da gestão Fernando Haddad (PT) saberia que há investigações policiais sobre a atuação do crime organizado no setor. Segundo ele, o petista teria conhecimento de uma operação policial “recente” que desarticulou uma reunião entre donos de cooperativa de ônibus que tinha a participação de procurado da Justiça. Nela estaria também um deputado “muito próximo” a Tatto, que foi ouvido e liberado.
O petista rebateu Aith. “Acho que está tentando criar um ambiente tortuoso na cidade, que não é o caminho adequado.” Sobre a resposta ao ofício da polícia, Tatto afirmou que as informações solicitadas eram públicas, mas não explicou por que o pedido não foi atendido. “É só uma questão burocrática. Ele está se apegando a isso para dizer que nós estamos obstruindo as investigações”, alegou.
Tatto negou ter conhecimento da operação da polícia. “Em relação a essa reunião que teve envolvimento de um deputado, eu não tenho conhecimento. Sou deputado licenciado e não participei de nenhuma reunião em que tivesse ação policial.”