"Chegar ao trabalho, só de mototáxi, e eles estão arrancando o couro da gente. Paguei R$ 25 por uma viagem que normalmente pagava R$ 10. Mas, se não fosse assim, não conseguiria chegar ao trabalho", contou a doméstica Cláudia Pereira, 27 anos.
Outros trabalhadores, como o pedreiro Raimundo Nonato Souza, de 43 anos, organizaram-se para se deslocar de carona. "O jeito é contar com a solidariedade dos colegas que têm carro. Não tenho nada a ver com essa luta e preciso trabalhar. Vou de qualquer jeito", comentou Souza.
Grevistas.
A radicalização do movimento grevista aconteceu depois de quatro dias de greve em que entre 45% e 60% da frota circulava. O presidente do STTREMA, Gilson Coimbra, garantiu que todos os itens pedidos pela Justiça do Trabalho foram cumpridos e que a paralisação total segue por tempo indeterminado.
"Até o momento, nós cumprimos com todos os itens pedidos pela justiça do Trabalho. Com 70% da frota nas ruas, não podemos nem considerar que há paralisação. Os empresários nunca nos apresentaram uma contraproposta sequer, e nós é que não podemos permanecer nessa situação. É por tempo indeterminado", afirmou Coimbra, completando que a diretoria do sindicato se reuniu na segunda-feira, 26, para traçar novas estratégias para o movimento.
A greve com 100% desobedece uma determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que determinava que 70% da frota deveria circular. O STTREMA já foi multado em R$ 96 mil por descumprir a ordem judicial. Coimbra afirmou que o sindicato vai recorrer para não pagar a multa.
Patrões. A situação deve perdurar por mais tempo, porque os empresários alegam que não podem oferecer aumento aos trabalhadores por causa da defasagem do preço da passagem. "Era nada e vai continuar nada", ironizou o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de São Luís (SET), José Luiz de Oliveira Medeiros.
Ele disse ainda que os empresários não vão ceder à pressão do rodoviários. "Ainda não tem nenhuma reunião agendada, mas, veja bem, se o sindicato chamar os empresários para uma reunião, não vai alterar, não vai mudar nada. Esperamos um posicionamento da Prefeitura de São Luís para saber como podemos resolver essa situação", declarou Medeiros.
Os empresários alegam que têm um prejuízo de R$ 9 milhões por mês para manter a frota de pouco mais de mil coletivos em circulação. Eles sugerem que seria necessário reajustar a tarifa dos atuais R$ 2,20 para R$ 2,70. "É lamentável ir a uma negociação sem condições de oferecer nada, é desgastante para as duas partes.