Jornal Estado de Minas

Entidade aposta no Brasil como distribuidor de vacinas

Genebra, 29 - O Brasil vai fazer parte da rede mundial de distribuição de vacinas e, a partir de 2017, poderá fornecer milhões de doses para o combate ao sarampo, rubéola e febre amarela.
Quem aposta no País é a Aliança Global para Vacinas e Imunização (GAVI), uma entidade internacional que reúne produtores, empresas, governos, doadores e especialistas e que se transformou no centro da campanha de imunização no mundo.

"O Brasil tem o potencial de ser um fornecedor fundamental para o mundo", declarou Seth Berkley, em entrevista exclusiva ao Estado. Na semana passada, ele esteve com representantes do Ministério da Saúde e a parceria foi confirmada em Genebra, inclusive com uma doação financeira por parte de Brasília. Na avaliação do executivo, as exportações do Brasil serão decisivas ainda para conseguir reduzir os preços internacionais das doses, o que permitirá que um número sem precedentes de pessoas sejam imunizadas. A GAVI tem como meta vacinar mais de 700 milhões de crianças em 49 países em 2020. Para isso, a entidade vai investir cerca de US$ 600 milhões.

O sarampo mata, ainda hoje, mais de 400 crianças por dia. Mas, apesar do dinheiro e do compromisso político, a entidade sofre para encontrar parceiros para a produção das vacinas - muitas delas sem interesse comercial para as multinacionais. A esperança do grupo vem justamente do Brasil.
O governo fechou uma acordo com a Fundação Bill Gates justamente para preparar a nova vacina brasileira contra o sarampo. A meta é de que, a partir de 2017, a Fiocruz possa produzir 30 milhões de doses por ano e vender essas vacinas para a GAVI.

O Ministério da Saúde e a Fiocruz confirmaram ao Estado a intenção de estar prontos para começar as exportações em 2017. "Isso será importante para que possamos conseguir reduzir os preços da dose e termos uma distribuição ampla", declarou Berkley. A vacina de sarampo e rubéola começou a ser oferecida pela GAVI em 2013, em seis projetos nacionais na África e Ásia. O problema é que, até hoje, ele estava sendo fabricado por apenas um laboratório, o indiano Serum. Mas a participação do Brasil na rede mundial de vacinas também deve incluir o combate à febre amarela. Para Berkley, 30% de todas as doses contra a doença no mundo poderão ser produzidas e fornecidas pelo Brasil.

Diversidade.

A busca pela parceria no País faz parte de uma estratégia global da entidade de justamente diversificar seus fornecedores, o que garante preços mais baixos e um volume maior de produção. De outro lado, o produtor recebe garantias de que a vacina que será produzida terá um comprador certo. Quando a GAVI começou a atuar, há 14 anos, apenas cinco laboratórios forneciam vacinas para a entidade. Hoje, esse número já chega a doze e a meta é a de expandir ainda mais. Desde o ano 2000, a GAVI imunizou 288 milhões de crianças e diz ter evitado 5 milhões de mortes.

A diversificação de fornecedores e a produção em massa de alguns produtos já começaram a gerar uma queda importante nos preços internacionais. Os valores das três principais vacinas usadas na imunização infantil (pentavalente, rotavírus e pneumocócica) caíram de forma expressiva desde 2010. O exemplo mais claro é o da vacina pentavalente que passou de US$ 2,98 por dose em 2010 para apenas US$ 1,19 hoje.
A redução de 60% permitirá que governos e entidades internacionais economizem mais de US$ 150 milhões até 2018..