Durante a audiência, um grupo de cinco indígenas se acorrentou no mastro que sustenta a Bandeira Nacional. Na saída, o cacique Uilton Tuxá (BA) afirmou que participou da pior reunião em 16 anos de luta. Nunca imaginei que o governo do PT, que prega a democracia, agiria com tanta arbitrariedade. Foi decepcionante, o ministro disse que não assinará nada e insistirá na tentativa de construir mesas de diálogo, desabafou.
O Ministério da Justiça afirmou, por meio de nota, que, após a reunião com lideranças indígenas, o ministro José Eduardo Cardozo garantiu que a pasta está empenhada em encontrar soluções para as questões apresentadas - por meio da mediação. Revoltado com o resultado da reunião, Kretan Kaingang, um dos cinco acorrentados ao mastro da bandeira, disparou contra o ministro. Ele (Cardozo) é um mentiroso, não vamos aceitar quietos que retirem nossos direitos e passem por cima de nós.
Para simbolizar a indignação dos índios, um deles subiu no mastro e pintou a Bandeira do Brasil com urucum, corante vermelho utilizado no corpo durante os rituais. Isso aqui representa nosso sangue, gritou um índio no meio da multidão. Concentrados em Brasília desde segunda-feira para a Mobilização Nacional Indígena, cerca de 350 índios foram para a Esplanada dos Ministérios protestar na frente do Prédio do ministério. O grupo fechou os quatro acessos ao Palácio da Justiça logo pela manhã e exigiu uma audiência com Cardozo para debater a situação dos índios no País. Alguns mais exaltados tentaram invadir o prédio e bloquearam três das seis faixas do Eixo Monumental.
Arco e flecha.
Segundo relatos de funcionários do próprio palácio, os índios apontaram arcos e flechas para os policiais que tentaram impedir a entrada do grupo. Logo após forçarem a entrada, sem sucesso, os manifestantes se espalharam em volta do ministério e estenderam faixas e cartazes falando de uma série de terras que precisariam de demarcação..