Durante três oportunidades, os rodoviários realizaram paralisações no transporte público da cidade à revelia do acordo fechado pelo Sintraturb com as empresas de ônibus, por não concordarem com os termos assinados, que garantem reajuste salarial de 10%. Mesmo com o sindicato contra a greve, a maioria dos desembargadores entendeu que a entidade deveria ter buscado maior proximidade com a categoria, conforme explicou a desembargadora Maria das Graças, que é vice-presidenta do TRT-RJ.
“Que os sindicatos se aproximem mais das suas bases. Procurem conversar, saber o por que das insatisfações. Do contrário, você vai enfraquecer a entidade sindical. Nós temos uma lei de greve, e ela deve ser respeitada. Estamos presenciando muitos fatos em que empregados estão se insurgindo , mas isso deve ser resolvido internamente.
No caso dos rodoviários que discordam da posição adotada pelo sindicato nas negociações coletivas, ela disse que há caminho legal para se destituir a representação sindical. “Se discutem a legitimidade do sindicato, é necessário ajuizar uma ação própria, fazer as provas cabíveis, e o juiz vai decidir se o sindicato pode continuar como representante da categoria. Mas enquanto temos uma diretoria constituída, não podemos admitir que uma comissão de dissidentes seja parte no processo. Seria subverter toda a boa ordem processual”, acrescentou.
O advogado dos dissidentes, Aderson Bussinger, disse que vai recorrer da decisão, primeiramente ao TRT-RJ e, se preciso, ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). “Não havia condições de julgar abusiva esta greve. Eu vou recorrer, pois a comissão de trabalhadores deveria ser admitida neste processo. A meu ver, o tribunal poderia fazer uma interpretação mais abrangente e elástica do fato”, considerou Bussinger.
O presidente do Sintraturb, José Carlos Sacramento, considerou a decisão injusta e disse que o sindicato vai recorrer da decisão, pois não tem sequer condições de pagar a multa estipulada. “Nós estamos sendo acusados por uma coisa que não fizemos. Tem que penalizar quem fez a greve. Tentamos nos aproximar dos trabalhadores. A porta do sindicato está aberta a todos, a hora que quiserem. Nenhum dos dissidentes apareceu lá para apresentar qualquer proposta”, disse Sacramento.
O sindicato das empresas de ônibus do Rio (Rio Ônibus) divulgou nota dizendo que está em vigor um acordo de reajuste salarial de 10% mais aumento de 40% na cesta básica, retroativos ao dia 1º de abril, que já foram pagos no mês de maio. "O índice de aumento concedido é o maior negociado este ano com rodoviários em todo o país”, destaca o comunicado da Rio Ônibus..