Cerca de 12 mil pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), participaram do protesto organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) na noite desta quarta-feira (4), na capital paulista. Para os manifestantes, o Poder Público gastou demais com a realização da Copa do Mundo, em detrimento dos investimentos em habitação. A passeata percorreu a Avenida Radial Leste, desde a Estação Vila Matilde, do metrô, até a a Arena Corinthians, o Itaquerão, onde ocorrerá a abertura do Mundial, no próximo dia 12.
De acordo com o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, a intenção é mostrar que o movimento está disposto a continuar com as mobilizações contra a Copa, caso não haja resposta concreta às reivindicações. “Nós queremos mostrar para quem desacreditava, para os governos, que a gente sabe o caminho , se as nossas reivindicações permanecerem na geladeira, no dia do jogo vai ter muita gente sem ingresso querendo entrar também.”
Boulos ressaltou que o movimento está disposto a fazer atos públicos durante o evento, mesmo que haja repressão policial. “Não adianta colocar na televisão que vai ter Exército, que vai ter polícia na rua, porque polícia e o Exército não são nada para o povo organizado”, disse ele, mas ponderou, no entanto, que os sem-teto não buscam o conflito, e têm “insistentemente” buscado saídas negociadas.
Ao encerrar o ato, ele acenou com a possibilidade de novo protesto em frente ao estádio do Morumbi, zona sul, durante o amistoso entre Brasil e Sérvia, caso não haja uma resposta positiva à pauta do movimento. “Se até sexta-feira (6) não tivermos resposta para nossas reivindicações, não sei se a torcida vai conseguir chegar ao Morumbi”, disse do alto do carro de som.
Entre as demandas citadas por Boulos está a desapropriação da área da ocupação Copa do Povo, distante 4 quilômetros do Itaquerão, e a aprovação do plano diretor pela Câmara Municipal de São Paulo. O MTST quer que a criação de novas zonas especiais de interesse social (Zeis) para construção de moradias populares seja incluída na proposta.
A possibilidade de confronto com a polícia em novas manifestações não assusta Jaqueline dos Santos. Caixa em uma loja de departamentos, ela veio de Embu das Artes, Grande São Paulo, para participar do ato de hoje.
O pintor Renato de Paula ressaltou que não estava se manifestando contra o Mundial, mas pela falta de prioridade a setores essenciais, como habitação, transporte e saúde. “O problema não é a Copa. O problema é o investimento errado com dinheiro público”..