Um dos motivos que travam neste momento a votação do Plano Diretor de São Paulo na Câmara Municipal é a falta de ingressos para a abertura da Copa do Mundo entre 40 dos 55 vereadores paulistanos. Como os ingressos foram enviados pela vice-prefeita, Nadia Campeão, apenas aos 14 líderes de bancada e ao presidente José Américo (PT), os outros 40 parlamentares - inclusive 10 vereadores petistas - se revoltaram contra o governo.
Mas o motivo maior de toda a indignação, segundo relatos de vereadores e assessores da Casa, é a falta de ingressos para o jogo entre Brasil e Croácia, no dia 12. Políticos influentes na Casa como o ex-presidente Roberto Tripoli e os campeões de voto Milton Leite (DEM) e Goulart (PSD) ficaram sem ingressos e estão indignados. Eles já foram atrás da vice-prefeita para fazer a cobrança, mas ela "está incomunicável", segundo um assessor próximo de Nádia, responsável por organizar a Copa na capital paulista.
Os vereadores dizem que o presidente da CBF, José Maria Marin, havia prometido à presidência da Casa enviar bilhetes à organização do Mundial para todos os vereadores. Os parlamentares dizem que foram avisados no final de maio que o vereador Netinho de Paula, também do PCdoB, iria entregar pessoalmente os bilhetes. Mas ontem eles foram encaminhados em envelopes pela própria vice-prefeita. Procurada, Nadia não foi localizada pela reportagem.
"Com certeza ela distribuiu os ingressos dos vereadores para os seus 'cupinchas' do PCdoB e deixou a gente sem", disparou um parlamentar, que pediu sigilo do nome. Oficialmente, os vereadores dizem que não podem votar um Plano Diretor que "fica a mercê da vontade do senhor (Guilherme) Boulos, líder dos sem-teto", como argumenta o vereador Eduardo Tuma (PSDB). "Pelo menos deveriam dar a oportunidade de a gente comprar os ingressos", argumenta Goulart. "Não importa o preço, gostaria de poder comprar para meus dois filhos", acrescentou o vereador.