"Eles viram um dos adolescentes arrancar um cordão do pescoço de uma pessoa e abordaram os dois meninos, na (avenida) Presidente Vargas. Como não acharam o produto do roubo, não os levaram à delegacia. Perguntaram onde os adolescentes moravam e eles disseram que era no Sumaré, então levaram os dois até lá", conta o advogado Marcelo Bruner, que representa os dois cabos. Fábio Magalhães Ferreira, de 35 anos, e Vinícius Lima Vieira, de 32, tiveram a prisão temporária por 30 dias decretada na quarta-feira, 18. Estão presos na Unidade Prisional exclusiva para policiais militares.
Mateus Alves dos Santos, de 14 anos, e um outro adolescente foram detidos no dia 11 acusados de praticar um assalto na Avenida Presidente Vargas, no Centro. Os garotos não foram levados para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, como deve ser feito nesses casos.
Segundo o colega de Mateus, eles foram levados para o Morro do Sumaré, uma área de floresta dentro da cidade, baleados com tiros de fuzil e arremessados para baixo. O menino que sobreviveu foi atingido nas costas e na perna e se fingiu de morto até que os policiais fossem embora.
O caso foi denunciado à Corregedoria da Polícia Militar pelo pai de Mateus. O carro usado pelos PMs tem câmera interna, e as imagens mostram os adolescentes entrando no carro, e os policiais voltando do morro sozinhos.
Os cabos foram detidos administrativamente na noite de terça-feira, 17, e prestaram depoimento ao delegado Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios.
"Não houve crime nenhum. Ainda não vi o inquérito, só as imagens (gravadas pela câmera interna do carro da PM). Na próxima semana vou ter acesso ao inquérito e pedirei à Justiça que libere meus clientes", disse Bruner. Segundo o advogado, Fábio trabalha na PM há 11 anos e Vinícius, há 9, e nunca foram alvo de nenhuma reclamação. Na versão de Bruner, os adolescentes mentiram aos PMs quando disseram que moravam no Sumaré, já que moram na Maré..