Com um estratégia diferente da adotada na última manifestação do Movimento Passe Livre (MPL), ocorrida no feriado de quinta-feira, quando poucos policiais foram vistos durante a passeata, a presença ostensiva de policiais da Tropa de Choque, da tropa ‘Robocop’ e da Cavalaria da PM de São Paulo inibiu os cerca de 200 manifestantes, que fizeram ontem o 11º ato contra a realização da Copa do Mundo. No final do protesto de quinta, parte dos manifestantes, mascarados, destruíram duas concessionárias de automóveis de luxo, provocando prejuízos de mais de R$ 3 milhões.
Além dos gastos para a realização do Mundial, os ativistas – entre eles poucos mascarados – do ato “Se não tiver direitos, não vai ter Copa” protestaram ontem contra a repressão policial e pelo direito de livre manifestação e de greve. “O ato de hoje (ontem) está pautado pelo combate à repressão ocorrida no dia 12, na abertura do Mundial, que a gente não teve o direito de manifestação garantido. A gente nem sequer pôde iniciar o ato. A gente está colocando a pauta da repressão e do direito de greve que foi aviltado, porque várias categorias tentaram erguer greves às vésperas da Copa e foram reprimidas”, disse Rodrigo Antônio, integrante do movimento Território Livre, que organizou o ato.
Alguns policiais portavam armas de grosso calibre. Sobre os cavalos, soldados da PM estavam armados com sabres. Concessionárias de carros de luxo, como Lamborghini, Jaguar, Maserati, BMW, Aston Martin e Lexus, na Avenida Europa, no Jardim Paulista, esconderam os veículos do show-room.
Ao chegar ao Masp, na Avenida Paulista, os manifestantes foram cercados pela Tropa de Choque e, por voltas das 18h30, eles começaram a se dispersar.
CONTRA VIOLÊNCIA No Rio, em meio a torcedores que faziam festa na Praia de Copacabana, um grupo protestou contra a Copa. Com faixas que remetiam à violência nas favelas, cerca de 300 pessoas caminharam pelo calçadão da Avenida Atlântica, que ficou interditada na altura do Copacabana Palace por quase duas horas. O grupo fazia paradas ao longo da avenida, momento em que nomes de vítimas da Polícia Militar, como o pedreiro Amarildo de Souza, eram pronunciados seguido de “presente”, gritado em coro pelos manifestantes. Um ativista foi preso. O policiamento foi intensificado com agentes da Força Nacional, mas os turistas pareciam não se intimidar e paravam para bater fotos.
Na areia da praia, representantes de movimentos sociais colocaram mais de 100 cruzes, com nomes de comnunidades carentes, que representam as remoções feitas na capital fluminense, a maioria motivada pelos megaeventos, como a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016.
Em Brasília, cerca de 60 manifestantes se concentraram na rodoviária e saíram em marcha em direção ao Estádio Mané Garrincha, onde local do jogo entre Brasil e Camarões. O número de policiais era maior que o de manifestantes. Perto da barreira policial montada para proteger os torcedores que chegavam ao estádio o grupo queimou uma répica gigante da taça do Mundial. Antes do início do jogo os manifestantes já haviam se dispersado..