A greve dos rodoviários de Natal chegou ao fim nesta quinta-feira (26), depois de 13 dias de paralisação e muitas discussões, inclusive judiciais. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Rio Grande do Norte (Sintro-RN), Nastagnam Batista, os motoristas e cobradores decidiram retornar ao trabalho depois que os empresários sinalizaram que não cortarão o ponto dos dias de greve.
Na quarta-feira (25), o Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Norte determinou que o Sintro-RN deveria garantir o retorno ao trabalho, sob pena de multa. A decisão também autorizava o uso de forças policiais para viabilizar a circulação da frota. No dia anterior, o tribunal havia julgado a greve abusiva e determinado 7,32% de reajuste salarial, bem como aumento de R$ 10 no vale-alimentação e elevou, de 40% para 50%, o percentual de motoristas que acumulam a função de cobrador.
Os dois últimos pontos não agradaram os trabalhadores. Batista disse que o aumento do vale foi menor que a inflação do período. Eles esperam obter um valor maior, na mesa de negociação marcada para a próxima segunda-feira (30). Também querem a suspensão do acúmulo de funções dos motoristas que também atuam como cobradores. “O trabalhador entende que não cabe ao tribunal exigir que o motorista dirija dando o troco”, defendeu o presidente do Sintro-RN, para quem o acúmulo de funções deve ser debatido pela categoria.
O consultor técnico do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn), Nilson Queiroga, explicou que a empresa queria a permissão para que 60% de trabalhadores acumulassem funções. Ele disse que a medida não deve gerar desemprego, já que os cobradores conquistaram judicialmente a estabilidade, e disse que os profissionais recebem em média R$ 369 por mês para acumular as funções.
Apesar das discordâncias, o Seturn defende que a volta ao trabalho foi positiva, porque “mais um dia parado, sem receita, prejudicaria ainda mais um sistema que já vem deficitário”, afirmou Queiroga.
Já o Sintro-RN avalia que, apesar de não ter sido alcançado o reajuste salarial de 16%, a greve teve conquistas. “No início, as empresas não queriam dar nenhum reajuste, terminamos com mais 7% e com a mesa de negociação aberta”, afirmou Batista.