Uma onda azul e branca, acompanhada de muita cantoria, começa a tomar conta da cidade. De carro, de avião, a maioria sem ingresso e hospedagem reservados, os argentinos já desembarcam em massa na capital brasileira. São esperados cerca de 100 mil hermanos, o maior número de estrangeiros durante a Copa do Mundo no Distrito Federal até agora. Eles prometem muita festa até sábado, quando o time liderado por Lionel Messi encara a Bélgica, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.
Eles chegam com uma característica singular: grande parte vai montar barraca ou estacionar os motorhomes — uma espécie de casa móvel — em áreas públicas do Distrito Federal preparadas pelo governo. A exemplo do que fizeram no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Porto Alegre e em São Paulo, os argentinos também devem lotar as ruas e os bares de Brasília, principalmente no dia decisivo para a seleção argentina, quando apenas 15 mil têm ingressos garantidos para acessar a arena.
Com a quantidade de visitantes, o temor é de que os espaços permitidos para acomodação sejam insuficientes. O estacionamento do Parque da Cidade é área oficial da Fifa e não há permissão para que eles fiquem acampados — somente poderão estacionar carros menores no dia da partida. O governo local preparou uma estrutura com 2 mil vagas no estacionamento externo do Parque de Exposições da Granja do Torto para recebê-los. O local fica a 20 quilômetros do estádio. A área terá postos de atendimento ao turista (CAT), da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da polícia e da embaixada argentina. Os visitantes terão 112 chuveiros e 60 banheiros — além de linhas de ônibus para o estádio e estande de câmbio. Há ainda a possibilidade de ficar no Albergue da Juventude de Brasília, perto do autódromo. Lá, o camping comporta 20 motorhomes e as diárias custam R$ 50.
O hostel foi o primeiro destino dos amigos Javier Estanco, 35 anos, e Gonzalo Valdez, 34. Eles chegaram ontem à capital para acompanhar a partida de sábado. Desde o início do Mundial, percorreram 5 mil quilômetros. Gonzalo é topógrafo e pediu demissão para viver todos os momentos da competição e, segundo ele, ver a Argentina ser campeã. “Nós estamos nos preparando há um ano para ver os jogos. Demos sorte de ter escolhido o ingresso para as quartas de final em Brasília”, afirma o argentino.