“Acreditamos que, pelo menos, nesta hora, da celebração, temos uma tentativa de conforto, porque conforto mesmo nunca teremos. Esperamos poder enterrá-lo um dia, porque, quando a gente não enterra, temos a sensação de que a pessoa ainda não se foi”, disse a sobrinha da vítima Michele Lacerda, que participou do ato católico. Para ela, a condenação dos envolvidos é a chance de encontrar o corpo da vítima e reaver a dignidade da família, acredita.
Anderson Dias, um dos filhos de Amarildo, diz que esse um ano não diminuiu a tristeza e o rancor sobre a brutalidade do ocorrido. “Nunca imaginei que alguém da minha família fosse ser assassinado assim, igual fizeram com meu pai. Ninguém merece ter um fim desses”, declarou.
A família cobra indenização do Estado por danos morais e materiais, além de tratamento psicológico. Como o atendimento nos postos de saúde são feitos durante o horário comercial, muitos parentes ficam impossibilitados de comparecer. De acordo com o advogado deles, João Tancredo, o governo do estado paga uma pensão de R$ 724, que está desatualizada e precisa ser revista. “Estamos com processo civil”, lembrou.
Tancredo aproveitou também para voltar a denunciar perseguição da família de Amarildo, pela polícia, na comunidade, e disse que a viúva da vítima tem sofrido gravemente. “A Beth e seus dois filhos mais velhos respondem todos por desacato. Querem levar os meninos para becos, não se sabe o porquê, e eles reagem. Já a Beth vê um policial e pede o corpo do marido, é razoável.”
Anderson, entre os filhos mais jovens do ex-ajudante de pedreiro, conta que as provocações são rotina e que procura “ficar frio”. “Direto, quando os policiais nos veem jogam piadinhas, olham de cara feia, querendo que a gente erre no erro deles. Mas o lance é deixar eles provocarem e correr atrás do nosso direito.”
O inquérito policial militar que investigava a conduta dos PMs no caso concluiu, há poucos dias, que os militares devem responder ao processo na Justiça Comum. A Corregedoria Interna, que também analisa os fatos, pode determinar, a qualquer momento, a expulsão deles da corporação. A PM não comentou as denúncias de perseguição à família de Amarildo..